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Vereadora de Santos mais votada nas últimas eleições defende a revogação do nome de ruas, escolas e parques da Cidade que levam o nome de pessoas ligadas à ditadura militar
Sandro Thadeu
05/01/2025 - domingo às 01h40
Dedo na ferida
A vereadora de Santos Débora Camilo (PSOL) fez um discurso histórico durante a sessão solene realizada pela Câmara no dia 1º de janeiro, quando tomaram posse os parlamentares, o prefeito Rogério Santos (Republicanos) e a vice Audrey Kleys (Novo). Com o Plenário Dr. Oswlaldo De Rosis lotado, a socialista trouxe à tona os problemas sociais do Município e cobrou a revogação do nome de vias e equipamentos públicos que homenageiam figuras associadas à escravidão de negros e indígenas e à ditadura militar (1964-1965). "Precisamos fazer as pazes com a história", ressaltou.
Dilema
Segundo Débora, se o grupo político que atualmente comanda a Administração Municipal pretende realmente combater o discurso de extrema-direita, é imprescindível enfrentar os próprios dilemas que contribuem para a normalização de práticas e ideias autoritárias. "Que os opressores que outrora serviram para sufocar nossa liberdade, sonhos e democracia, não tenham seus nomes eternizados em viadutos, escolas e parques", afirmou a vereadora ao presidir a solenidade. Ela ganhou esse direito por ter sido a mais votada para o Legislativo nas últimas eleições (8.016 sufrágios).
Saia justa
A socialista fez uma crítica à disparidade na memória histórica de Santos ao apontar que a figura de Esmeraldo Tarquínio, o único prefeito negro eleito da Cidade, cuja posse foi impedida pela ditadura militar, em 1969, é desrespeitada enquanto o poder público mantém entre os homenageados Paulo Gomes Barbosa, o último interventor nomeado pelo regime militar e pai do ex-chefe do Executivo e deputado federal Paulo Alexandre Barbosa (PSDB). O parlamentar é padrinho político de Rogério.
Apagamento indígena
Débora também chamou a atenção para a unidade entre "a perversidade das oito mortes fabricadas pela exclusão habitacional nos deslizamentos dos morros, em 2020, e o apagamento indígena quando se troca o nome de uma famosa rua chamada Guaiaó (no bairro da Aparecida) para o nome de um empresário da construção civil, que lucrou com a gentrificação da nossa cidade. Ambas são faces de um colonialismo e de um brutal negacionismo que só difere em intensidade do pior bolsonarismo". A parlamentar fez referência ao empresário e cônsul honorário de Portugal em Santos, Armênio Mendes, que morreu em 2017, aos 73 anos.
Ações concretas
No início do discurso na Câmara, Rogério reafirmou que a defesa da democracia precisa ser uma luta permanente da Cidade não apenas com falas, mas com ações. No dia 25 de setembro do ano passado, o prefeito sancionou a Lei 4.543/2024, que alterou o nome da Travessa Comendador Netto para Anísio José da Costa, angolano quilombola e trabalhador portuário. O antigo homenageado - Manoel Joaquim Ferreira Neto - era um comerciante que mantinha negros escravizados.
Prefeito dos Morros
O chefe do Executivo comentou que vários gestores passaram pela Cidade e deixaram suas marcas, como Esmeraldo Tarquínio, que teve o mandato restaurado simbolicamente pela Câmara, em 2013, e Paulo Gomes Barbosa. "Prefeito preto, não foi eleito, foi nomeado, mas foi conhecido como o 'prefeito dos Morros'. Pai lixeiro, família pobre e venceu na vida, de forma honrada", justificou.
Trabalho engrandece
Rogério também fez menção especial ao pai Américo (falecido no ano passado). Natural de Portugal, ele começou a sua trajetória em Santos como lavador de pratos no Restaurante Almeida e vendedor de pães nas ruas do Marapé durante as madrugadas. "Essa é a história de tantos portugueses, alguns empresários, como o senhor Armênio Mendes, que venceu na vida, assim como de imigrantes italianos, japoneses, africanos e pessoas vindas de todos os continentes. O trabalho engrandece e o trabalho dá resultados. Temos que respeitar o trabalho de todos", ressaltou.
Time mobilizado
Enquanto aguarda uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o deferimento do registro da candidatura à Prefeitura de Mongaguá, o empresário Paulinho Wiazowski (PP) está confiante de que sairá vitorioso nesse processo e terá sinal verde para comandar a Cidade. Mesmo sem poder atuar no Executivo, ele tem mantido reunião com o grupo político para discutir o programa de governo, que foi construído a partir da contribuição de técnicos e da população.
Olhos atentos
Até o desfecho dessa novela, o Município estará sendo administrado interinamente pelo presidente da Câmara, Luiz Berbiz de Oliveira, o Tubarão (União). "Não podemos perder de vista que este é um governo provisório. Até a decisão da Justiça, estaremos fiscalizando, acompanhando de perto os passos da Administração Municipal. Nós temos uma cidade para transformar", disse Wiazowski.
Respeito aos servidores
O novo secretário de Gestão Administrativa de Guarujá, Valter Batista de Souza, recebeu na última quinta-feira os presidentes dos sindicatos dos Professores Municipais de Guarujá e Região (Siproem) e dos Servidores Públicos, Joanice Santos e Zoel Siqueira, respectivamente. A ideia é que haja uma relação harmoniosa entre as partes para a construção de avanços em prol dos trabalhadores.
Atraso nas férias
Durante o encontro, o titular da pasta garantiu aos sindicalistas que o pagamento das férias dos docentes, que não foi feito pela gestão do prefeito Valter Suman (PSDB), será efetuado amanhã. Segundo Souza, cerca de R$ 6,5 milhões foram reservados para honrar esse compromisso com 1.171 educadores.
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