Visões e Opiniões
Valter Batista - Professor de Geografia e História, especialista em Gestão Pública
20/05/2021 - quinta às 00h00
Era uma vez um país com uma população esperançosa demais para notícias boas de menos. O desemprego já batia em dois dígitos, castigando duramente milhões de pais e mães de família, mas ainda assim, a esperança de que isso mudasse estava em suas mentes, como a fé em seus corações. Foi nesse país que decidiram fazer uma mega festa de Carnaval, quando o mundo inteiro estava amedrontado com a chegada de um vírus mortal.
Esse país tinha limpado a política com um Lava Jato potente, que prendeu um ex-presidente, dizendo que era dele um apartamento, que tempos depois provou-se de outra pessoa. Ligações perigosas e mensagens reveladoras fizeram a lama espalhar-se na sala daqueles que eram mártires da luta anticorrupção, mostrando suas artimanhas para fazer a democracia ficar de cócoras à vontade de pessoas que se achavam acima da lei.
A liderança maior desse país era o tiozão do churrasco de domingo, daqueles que acreditam que chá de boldo cura câncer de estômago e que família boa mesmo é aquela que tem três casamentos terminados, com filhos em cada um deles, e que gay se cura na porrada. Uma aberração, num mundo cada vez mais intolerante e violento.
Seria impensável que um país assim desse certo. Quando o vírus chegou de fato nesse país, entrando pelo aeroporto com os ricos que chegavam dos States, alastrou-se como notícia ruim.
Matou centenas de milhares, que eram estimulados a se contaminarem para que a doença que ele transmitia, acabasse logo.
Quanto mais o presidente falava, mais mortes se acumulavam. Motoristas, porteiros, vigias, zés e marias aos montes sucumbindo, junto com paulos gustavos famosos. Diziam que podia ser um genocídio, porque não tinha tratamento que curasse, e a vacina que seria a solução, tinha sido negada e renegada pelo presidente, que fazia piada até com a morte.
Diante de tanto sofrimento, as pessoas começaram a entender que não há salvador da Pátria, quando quem mais sofre são os que menos têm motivos para rirem de si mesmos. E o que tinha sido motivo pra esperança, transformou-se em uma revolta sem fim. Até que um dia alguém teve a ideia de instalar uma guilhotina na principal praça daquele país. Grande Dia!
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