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DIU e queda de cabelo: o que toda mulher precisa saber

Existem dois tipos principais de DIU

Robson de Castro

05/09/2024 - quinta às 18h00

A queda de cabelo é uma preocupação crescente entre as mulheres e pode ser desencadeada por diversos fatores, incluindo mudanças hormonais, deficiências nutricionais e até mesmo dispositivos contraceptivos. Recentemente, o foco tem se voltado para a relação entre a queda de cabelo e o uso do Dispositivo Intrauterino (DIU). A dermatologista especialista em tricologia, Dra. Hevelyn Mendes, esclarece essa conexão:

 

Entendendo o DIU e suas variantes

Existem dois tipos principais de DIU: o hormonal, que libera progestina, e o não hormonal, feito de cobre. Ambos são eficazes na prevenção da gravidez, mas seus impactos no corpo podem variar significativamente.

 

DIU hormonal (Levonorgestrel)

O DIU hormonal libera uma quantidade contínua de levonorgestrel, uma forma de progestina, diretamente no útero. Este hormônio pode influenciar o ciclo capilar de algumas mulheres, levando à queda de cabelo. Estudos indicam que a progestina pode afetar os receptores hormonais no folículo piloso, resultando em um ciclo de crescimento capilar alterado e eventual queda de cabelo. Um exemplo notável é o DIU Mirena, que tem sido associado à exacerbação da calvície em mulheres predispostas devido à não inibição da DHT (dihidrotestosterona) no couro cabeludo.

 

DIU de cobre

O DIU de cobre, por outro lado, não libera hormônios. Contudo, pode causar alterações no equilíbrio de minerais e influenciar o ciclo menstrual, fatores que, embora raros, podem também contribuir para a queda de cabelo.

 

A relação entre DIU e queda de cabelo

Enquanto a associação entre DIU e queda de cabelo é reconhecida, o que indaga esta análise é a consideração de fatores frequentemente negligenciados:

 

  1. Microbioma e inflamação Pesquisas recentes indicam que o microbioma do couro cabeludo desempenha um papel crucial na saúde capilar. O uso de DIU, especialmente os hormonais, pode alterar o microbioma vaginal, causando inflamações sistêmicas que, por sua vez, afetam o couro cabeludo e o ciclo capilar. Estudos sugerem que a inflamação crônica, mesmo em níveis baixos, pode prejudicar os folículos capilares, levando à queda de cabelo.

 

  2. Efeito do estresse oxidativo O estresse oxidativo é um desequilíbrio entre a produção de radicais livres e a capacidade do corpo de neutralizá-los. O cobre, presente no DIU não hormonal, pode contribuir para o estresse oxidativo no corpo. Embora o cobre seja um nutriente essencial, o excesso ou a alteração na homeostase do cobre devido ao DIU pode promover o estresse oxidativo, afetando negativamente os folículos capilares.

 

  3. Alterações no ciclo menstrual e nutricionais O DIU hormonal pode causar irregularidades menstruais, levando a deficiências nutricionais como anemia, devido à perda excessiva de sangue menstrual. A anemia é uma causa bem documentada de queda de cabelo. Além disso, mudanças nos níveis de ferro e outros nutrientes essenciais para a saúde capilar podem ocorrer, exacerbando o problema.

 

Como se proteger da queda de cabelo

  1. Monitoramento e ajustes nutricionais Recomenda-se que mulheres usando DIU, especialmente aquelas que observam queda de cabelo, monitorem seus níveis de ferro e outros nutrientes vitais. A suplementação adequada e uma dieta equilibrada podem mitigar os efeitos adversos.

 

  2. Probióticos e saúde do microbioma A introdução de probióticos específicos pode ajudar a equilibrar o microbioma e reduzir a inflamação sistêmica. Estudos preliminares indicam que uma microbiota equilibrada pode apoiar a saúde do couro cabeludo e promover o crescimento capilar.

 

  3. Antioxidantes e proteção capilar O uso de antioxidantes pode ajudar a combater o estresse oxidativo induzido pelo DIU de cobre. Suplementos contendo vitamina E, vitamina C e outros antioxidantes podem proteger os folículos capilares dos danos dos radicais livres.

 

  4. Avaliação e monitoramento dermatológico regular Agendar consultas regulares com um dermatologista é crucial para monitorar a saúde do couro cabeludo e identificar precocemente quaisquer sinais de queda de cabelo. O acompanhamento contínuo permite ajustes no tratamento conforme necessário.

 

  5. Terapias capilares Tratamentos tópicos como minoxidil podem ser recomendados pelo dermatologista para estimular o crescimento capilar e prevenir a queda. Terapias mais avançadas, como a terapia com plasma rico em plaquetas (PRP), também podem ser consideradas para fortalecer os folículos capilares.

 

  6. Cuidados com produtos capilares Utilizar produtos capilares adequados é essencial para a saúde do cabelo. Shampoos suaves e sem sulfatos, condicionadores hidratantes e tratamentos fortificantes podem ajudar a manter a integridade dos fios. Evitar o uso excessivo de produtos químicos agressivos, como tinturas e alisamentos, é igualmente importante.

 

A relação entre o uso de DIU e a queda de cabelo é complexa e multifatorial. Embora a literatura médica reconheça essa conexão, é essencial considerar os demais fatores, como o impacto no microbioma, o estresse oxidativo e as alterações nutricionais, para uma compreensão mais profunda e uma abordagem de tratamento eficaz.

 

"Como dermatologista, meu conselho é que mulheres que experimentam queda de cabelo enquanto usam DIU procurem uma avaliação médica detalhada. Abordagens personalizadas, baseadas nas necessidades individuais de cada paciente, são fundamentais para mitigar os efeitos adversos e promover a saúde capilar," conclui a Dra. Hevelyn Mendes.

 

Dra. Hevelyn Mendes

Médica Dermatologista especialista em tricologia

CRM: 206261

A Dra. Hevelyn Mendes é formada em Medicina pela Universidade de Votuporanga de São Paulo.

Especializou-se em medicina de saúde da família pela FG. Além disso, fez especialização em Dermatologia Clínica, Medicina Estética, Tricologia e Transplante Capilar pelo Instituto Brasileiro de Educação.

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