Quase 70% acreditam que shows devem ser cancelados
Infectologista diz que não é momento para eventos com aglomeração
15/01/2022 - sábado às 14h00As cidades da Baixada Santista vivem um momento complicado na questão da Saúde. O surto de Covid-19 e gripe, ao mesmo tempo, lotam hospitais públicos e privados em toda região, com alguns deles começando a definir grupos prioritários para utilizar testes, que começam a acabar.
A situação anda tão difícil que oito municípios precisaram afastar servidores municipais da Saúde. Ao todo, são mais de 500 profissionais que deixaram de exercer suas atividades por apresentarem sintomas gripais. E mesmo com todo esse cenário, algumas cidades insistem em permitir shows e outros tipos de aglomeração.
Por isso, o Portal BS9 quis saber, em sua última enquete: "Com o aumento de contágio de Covid e de gripe, há cidades do litoral promovendo shows e aglomerações. O que você acha?".
Com 69%, a maioria dos internautas respondeu que é um absurdo e devem ser cancelados. Outros 11% acreditam que a prefeitura é responsabilizada pelos casos, 10% disseram que não participam desses eventos, 7% aprovam a situação e participam, e apenas 3% responderam que também aprovam, mas não participam.
"O resultado da enquete mostra que as pessoas são mais sensatas que os gestores", disse o médico infectologista Evaldo Stanislau Affonso de Araújo, que atua no Hospital das Clínicas de São Paulo e no Centro Médico da Unimed, em Santos.
Ele explica que não é o momento para qualquer evento que aglomere as pessoas, porque estamos com uma "verdadeira explosão" de casos de Covid-19, colocando em altíssimo risco toda a nossa normalidade.
"O número grande de pessoas doentes ao mesmo tempo significa que essas pessoas não poderão trabalhar, inclusive em funções básicas, e isso pode levar a uma ocupação grande de leitos hospitalares e colocar nossa rede de assitência em risco. Então, o bom senso e a razão dizem que não é o momento para que a gente tenha qualquer tipo de evento desnecessário".
Stanislau afirma, ainda, que o risco aumentou porque há uma variante altamente transmissível, a ômicron. Por isso, quem insistir em ir a qualquer tipo de evento deve utilizar máscara PFF-2 o tempo todo no rosto e, preferencialmente, não consumir bebidas ou comidas enquanto estiver no local.
Outro evento que sempre causa divergência de opinião quanto a ter ou não ter público são jogos de futebol. Nesta semana, o governo de São Paulo determinou que o Campeonato Paulista, cujo início está marcado para 23 de janeiro, tenha público limitado a 70% nos estádios e exija comprovante de vacinação dos torcedores. E sobre o passaporte da vacina, que também é exigido em outros tipos de eventos, Stanislau foi direto ao ponto.
"Não serve pra nada. A variante ômicron infecta vacinados e não vacinados. Então fazer um evento baseado no fato de que a pessoa tomou vacina é no mínimo ingenuidade, pra não dizer uma esperteza. Não se pode fazer nenhum tipo de evento nesse momento porque, embora a vacina proteja, e protege muito, contra formas graves, ela não evita infecção pela ômicron", finaliza.