Léo Baptistão fala da atual fase do Santos e do sonho em ser campeão pelo clube
Camisa 9 do time foi cedo para a Europa e busca usar sua experiência para ajudar o time da Vila Belmiro
24/10/2021 - domingo às 07h00Não foi preciso muito para Léo Baptistão aceitar a proposta do Santos Futebol Clube e se tornar o novo camisa 9 do time. Santista de berço e com a família toda morando da cidade, aceitou de imediato a chance de jogar pelo clube que torce e assim ficar mais perto da família e dos amigos, que sentiu tanta falta desde que foi para a Europa.
E foi bastante tempo fora. Baptistão foi para o Velho Continente com apenas 16 anos, quando se mudou para a Espanha e se juntou às categorias de base do Rayo Vallecano. Por lá, teve uma adaptação muito boa graças a um treinador que foi essencial para sua formação, chamado Diego Montoya.
Ele colocava vídeos para o atacante assistir, ensinando muito sobre a parte tática do esporte e ainda a jogar no campo, já que a experiência que ele tinha era no futsal. Então sua adaptação foi boa muito por conta dessa ajuda que recebeu logo que chegou.
Baptistão ficou no time até 2013, quando assinou contrato com o Atlético de Madrid. Além disso, passou pelo Real Betis, Espanyol, e pelo clube chinês Wuhan Zall. Segundo o jogador, uma experiência incrível que lhe proporcionou conhecer uma cultura totalmente diferente de tudo que já tinha vivido, além de um outro estilo de jogo.
Participando de grandes jogos, enfrentando grandes jogadores, nunca perdeu sua inspiração nos ídolos Neymar, do qual é muito amigo, e Ronaldo Fenômeno, considerado por muitos o maior camisa 9 de todos os tempos.
O jogador foi anunciado como reforço do Santos Futebol Clube no dia 21 de agosto, assinando contrato até o fim de 2023. Com uma rotina intensa de treinos e jogos, chega ao clube com um grande sonho: conquistar um título com o time.
Nesta Entrevista de Domingo, além de falar sobre a estreia e o momento difícil que o time da Vila Belmiro se encontra, ele também contou como foi enfrentar jogadores como Messi e Cristiano Ronaldo, e também sobre a sensação de voltar para casa.
1 - Na sua apresentação no Santos Futebol Clube, o Neymar fez uma chamada de vídeo e comemorou muito sua chegada ao time. Como é sua relação com ele?
O Ney é um cara incrível tanto dentro quanto fora de campo. Jogamos juntos na base da Portuguesa Santista e também do Santos e temos uma relação muito boa desde então. Ele foi mais uma pessoa que ficou bem feliz com minha vinda pro Santos e isso me deixa ainda mais feliz. Temos uma amizade muito saudável e gosto demais dele.
2 - Sua estreia aconteceu no jogo contra o Cuiabá, no qual o Santos perdeu por 2 a 1. Como foi esse jogo pra você? Estava muito ansioso para entrar em campo?
Estava com muita vontade de jogar. Era um jogo importante, a gente estava em uma situação difícil e estava louco para estrear. Mas, não estava realmente 100% para fazer o jogo, porque tinha acabado de chegar e estava há muito tempo parado. Mesmo assim, eu me esforcei ao máximo para tentar ajudar o time da melhora maneira possível.
3 - Esse foi justamente o último jogo do técnico Fernando Diniz no comando do time. Como você viu a chegada do Carille e quais foram as principais mudanças que você sentiu com a chegada dele?
O professor Diniz foi uma peça muito importante na minha vinda para o Santos. Eu queria muito trabalhar com ele. Acho que a ideia dele de futebol é muito boa, colocando a bola sempre mais para a frente. Mas o professor Carille chegou mostrando para que veio. Ele sabe muito de futebol. É um cara muito bom e está sempre presente com os jogadores. Conversamos bastante entre nós e já conseguimos perceber uma mudança boa no time, que já começou a dar resultado. Por isso, eu e todos do elenco estamos muito felizes com a vinda dele.
4 - O Santos se encontra na 15ª colocação do campeonato com 29 pontos conquistados e segue ameaçado pelo rebaixamento. Como está o ambiente do time em relação a isso e como você enxerga esse momento da equipe?
Nós sabemos da situação atual do clube, que estamos em uma posição ruim na tabela, mas nós jogadores e a comissão técnica somos os primeiros a querer dar a volta por cima. Não estamos felizes com essa situação. Não estamos bem, mas queremos dar o nosso melhor. E, apesar de tudo, a gente está com o grupo bem unido, e isso é muito importante. Nós sabemos o que deve ser feito para melhorar, por isso estamos treinando bastante, trabalhando muito duro e, com certeza, a gente vai terminar bem o campeonato.
5 - Você já esteve em campo em sete jogos pelo Santos, todos como titular, e ainda não marcou nenhum gol. O que você acha que está te atrapalhando para balançar as redes: a fase do time, a adaptação vindo da Europa, a ansiedade em marcar o primeiro gol, ou alguma outra situação?
Eu acho que o gol é algo natural. Quando a gente trabalha bem e está determinado, ele sai quando você menos espera. Estou fazendo de tudo para ajudar o time. Na situação que nos encontramos, pouco importa quem vai fazer o gol. Só queremos e precisamos ganhar o jogo. Então, quem conseguir fazer o gol e ajudar o time, a gente fica feliz. Não é algo que me preocupa ainda. Não estou 100%, principalmente agora que eu me machuquei no jogo contra o Atlético-MG. Agora é preciso ter paciência nessa recuperação e voltar bem.
6 - Como foi a experiência na Europa e o que você traz disso para contribuir com a equipe santista?
Eu posso dizer que a maior experiência que tive na Europa foi a disciplina tática. Lá o pessoal é muito disciplinado. Os treinadores estrangeiros falam que o jogador brasileiro só sabe jogar com a bola e não tem muita tática. E por isso, nesse aspecto, sinto que é algo que eu venho contribuindo com o Santos. Tento sempre dar alguns toques nos mais novos. E também busco passar tranquilidade com minha experiência, mostrando que ninguém pode jogar individualmente. O futebol precisa ser um jogo coletivo, principalmente para poder sair de uma situação na qual estamos. E jogar assim é o que está fazendo o Santos melhorar, levando em conta a união que temos como jogadores.
7 - Você estava na Espanha em dois grandes momentos do futebol: quando o Barcelona de Messi encantou o mundo, e quando o Real Madrid de Cristiano Ronaldo conquistou tudo e mais um pouco. Como era jogar contra esses craques?
Acabei tendo mais experiências contra o Barcelona que, na minha opinião, foi o melhor Barcelona de todos os tempos. Joguei contra o time do Guardiola, depois o trio MSN, com Messi, Suárez e Neymar jogando no auge, e era um desafio enorme jogar contra eles. Mesmo sabendo a dificuldade, eram jogos que todos queriam participar, ninguém queria ficar de fora. Já o Real Madrid era um time que te deixava mais com a bola e isso te dava uma segurança. Dava a sensação de que podia ganhar o jogo a cada momento. No geral, somando tudo, foram duas experiências incríveis.
8 - Mesmo passando as férias em Santos, qual a sensação agora de voltar de vez para casa sem ter que ir embora?
Estou muito feliz. O clima da cidade é incrível e gosto muito daqui. Já sabia como Santos estava se modernizando mas estar de volta é muito bom. Gosto de sair com meus amigos, sair pra jantar, ir na praia jogar futevôlei. Tenho meu apartamento aqui e tudo o que mais senti mais falta quando eu fui embora: minha família. Estar juntos deles, participar dos almoços de domingo, das saídas nos finais de semana e das resenhas com todos eles é bom demais. Senti muita falta de tudo isso enquanto estive fora. Agora é aproveitar essa nova fase da minha vida.
9 - E quais são seus planos?
Não costumo pensar muito no futuro, porque ele é muito incerto. Gosto de pensar no presente. Então, no momento, só quero me recuperar bem dessa lesão, que, por ter sido na panturrilha, acaba sendo uma recuperação chata. É um músculo que o jogador utiliza muito e a previsão de recuperação é de mais de um mês. E quero, claro, que o Santos fique bem no campeonato e que a gente dê muita alegria para a torcida. Eu, como jogador e torcedor do time, também quero ter essa alegria. Esses são meus planos agora. Mais pra frente devo mudar de opinião e querer outras coisas maiores, com mais ambição.