Futebol feminino cresce no Sesi-SP e se expande para mais duas cidades
Modalidade conta com mais de 1.500 praticantes, em 15 núcleos gratuitos, e oferece desenvolvimento e oportunidades para meninas de 6 a 15 anos
24/03/2025 - segunda às 11h21Seja na liderança de uma equipe, na condução de um veículo ou na cura de um paciente, o lugar da mulher é onde ela quiser. E no futebol feminino não é diferente. Nos últimos tempos, o esporte vem ganhando visibilidade e crescimento com as competições, a popularização das equipes femininas e a cobertura da mídia.
No Sesi-SP, a modalidade vai completar dois anos e a coordenadora de desenvolvimento esportivo, Mirella de Sena Cagliari, conta que a busca por novas alunas tem sido contínua. "Em 2024, o aumento foi 26% nos atendimentos em relação a 2023, o que demonstra interesse e engajamento das meninas nas nossas atividades", afirma. Prova disso é que, neste mês, o futebol feminino vai ganhar mais dois novos polos de atendimento: em Diadema e Mogi Guaçu.
Com isso, a modalidade estará disponível, de forma gratuita, em 15 cidades* do interior, litoral e região metropolitana de São Paulo. No total, são 1.562 alunas e atletas, de 6 a 15 anos, distribuídas entre os níveis de participação e aperfeiçoamento, do Programa Sesi Esporte. Além disso, a equipe já conquistou o título no 1° Torneio Paulista Feminino S-14 Série Prata, em 2024, oferecido pela Federação Paulista de Futebol (FPF).
Do futebol à medicina, do preconceito ao ambiente seguro
Enquanto algumas meninas desejam se aperfeiçoar no futebol aqui, outras querem fazer gol fora do país. É o caso de Nicole Bagatin Oliveira, de 14 anos, atleta do sub-15 do polo de Osasco (SP). "Meu sonho sempre foi cursar medicina em outro país. Acredito que, com o futebol, tenho mais chances de ingressar em uma universidade, pois posso conquistar uma bolsa por meio do esporte.
Já a atleta Manuela Avelar Coitinho, de 14 anos, também de Osasco e integrante da mesma categoria, almeja no futuro representar o Sesi nas competições. Ela se sente privilegiada em poder praticar futebol. "Jogo desde pequena e amo muito esse esporte. Acho que as mulheres que jogam futebol são corajosas e incríveis, pois muitas vezes enfrentam preconceitos", declara.
Mirella de Sena Cagliari, coordenadora de desenvolvimento esportivo - Divulgação
A coordenadora Mirella de Sena Cagliari concorda e conta que, mesmo com o crescimento e o interesse no esporte, o futebol feminino ainda não eÌ a primeira escolha das famílias e das meninas. "Por isso, nosso objetivo é promover a modalidade, mostrar as vantagens e incentivar a participação, além de criar um ambiente seguro, acolhedor e motivador, para que elas possam se desenvolver como atletas e pessoas", diz.
Cenário das mulheres na escalação do futebol
Apesar das transformações sociais e as atuais discussões sobre gênero, ainda persiste o estereótipo de que o futebol é um esporte exclusivo para homens. Segundo Mirella, essa percepção se estende a todos os níveis do esporte. "Ainda enfrentamos a falta de mulheres em cargos de gestão e em posições de liderança, tanto à frente de equipes quanto de instituições. Essa lacuna reflete os desafios contínuos na luta pela igualdade de gênero", completa.
Essas barreiras estão sendo quebradas no Sesi-SP, que tem uma equipe interdisciplinar composta por 78% de mulheres. São 18 profissionais, entre eles 13 treinadoras e uma coordenadora de desenvolvimento esportivo, que atuam de forma integrada e colaborativa nas decisões, para oferecer um atendimento mais abrangente e eficaz às atletas.
Criação de polos de futebol e Copa do Mundo de Futebol Feminino em 2027
Durante quatro décadas, as brasileiras não puderam jogar futebol, pois um decreto de 1941 vetava a prática de esportes que não fossem "adequados à natureza feminina". Se no passado elas eram proibidas, hoje querem sair do banco e ocupar os campos.
Para isso, o Programa Sesi Esporte, em parceria com o Ministério do Esporte, assinou um termo de cooperação, em 2023, a fim de criar núcleos de futebol feminino e ensinar à pratica gratuitamente, além de levar a candidatura do Brasil como sede da Copa do Mundo de Futebol Feminino em 2027.
Os objetivos do programa são aprimorar as habilidades esportivas, identificar talentos e proporcionar às atletas de destaque a competir profissionalmente em federações. Além disso, busca democratizar o acesso às mulheres e garantir espaços seguros para o desenvolvimento na modalidade.
*Cidades onde a modalidade é praticada: Osasco, Rio Claro, Mauá, Campinas, Diadema, Itu, Jaú, Limeira, Marília, Matão, Mogi Guaçu, Santos, São Carlos, São José do Rio Preto e Tatuí.