Governo de São Paulo e Dakila Pesquisas assinam protocolo de intenções para o Caminho de Peabiru
A partir da assinatura, o estado e a associação mapearão as informações culturais e científicas
02/07/2024 - terça às 13h17O Governo de São Paulo, por meio da Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo (Setur-SP), assinou no dia 21 de junho, um protocolo de intenções com a Associação Dakila Pesquisas para o desenvolvimento dos Caminhos de Peabiru, rota transcontinental indígena criada antes da colonização dos europeus, que ligava o oceano Atlântico ao Pacífico. O evento ocorreu no Recanto do Peabiru, em Juquitiba (SP), e teve transmissão ao vivo pelo canal da TVCH.
A partir da assinatura, o estado e a associação mapearão as informações culturais e científicas, a fim de criar oferta de rota turística; incluindo atrações históricas, de aventuras e turismo de contemplação. O projeto prevê também o incentivo à adoção de tecnologias e inovação para apoiar a sustentabilidade no turismo e a promoção de ações de sensibilização e divulgação da Rota do Peabiru no Estado. Estima-se que a extensão do Peabiru em São Paulo seja de aproximadamente cinco mil quilômetros, contando-se com os ramais, passando por aproximadamente 25 cidades.
"Estamos resgatando a história dos povos originários do Brasil. O turismo paulista abraça e desenvolve, junto a Dakila e outros parceiros que virão a partir deste protocolo de intenções, um rico programa turístico. É uma importante parceria para o governo de São Paulo porque visa inúmeros benefícios para a região e fortalece o turismo em, pelo menos, três segmentos", afirmou o secretário de Turismo e Viagens, Roberto de Lucena.
Segundo o presidente da Associação Dakila Pesquisas, Urandir Fernandes de Oliveira, a assinatura do protocolo representa um momento importante não só para o Brasil como para o mundo. "O Caminho do Peabiru é uma rota turística ainda muito pouco conhecida, mas de grande importância em relação a história e cultura, não só do Brasil, como para o mundo, pois trata-se de um caminho transcontinental, que vai render muitos frutos e recursos para as cidades envolvidas", destacou Oliveira.
Para o prefeito de Juquitiba, Ayres Scorsatto, esta parceria será muito oportuna. "Com otimismo e vontade, creio neste avanço para fazer esta redescoberta tão importante para todos nós".
Representando o prefeito de São Lourenço da Serra, Felipe Seme Amed, o secretário de Cultura e Turismo deste município, Giovani Cáceres, enfatizou a importância do ato. "Há tempos se fala do Caminho do Peabiru. Estamos de portas abertas precisando deste apoio, desta parceria, e sabemos que juntos vamos trilhar um caminho para o futuro muito melhor", defendeu Giovani.
Também estiveram presentes na solenidade, o secretário Municipal de Turismo de Juquitiba, Marcelo Jacob Machad; o Diretor de Turismo de Juquitiba, Leonardo Aluizio; a Turismóloga Adriana Torquato da Silva e o presidente do Conselho Municipal de Turismo de Juquitiba (COMTUR), Francisco de Sá Barbosa.
Após a assinatura do protocolo, Dakila Pesquisas apresentou um vídeo sobre os estudos do Caminho do Peabiru já realizados pela associação. Em seguida, disponibilizou membros de sua equipe técnica para tirar dúvidas dos participantes e da imprensa, entre eles, a arqueóloga Natália Reikdal; o geógrafo Saulo Nery; a bióloga Maria Paula, e a diretora de Pesquisas e Logística, Fernanda Lima.
Tour guiado
No Recanto do Peabiru, os participantes do evento puderam visitar trechos originais do caminho que passam dentro do local. Foram mostrados o tipo de pedra utilizadas nas trilhas, bem como a grama "puxa tripa", valos divisórios, reservatórios de argila, e silos que sempre continham alguns alimentos e água nos quais os caminhantes se abasteciam e descansavam para continuar a jornada, deixando o local reabastecido com novos alimentos carregados por eles e que beneficiavam os próximos viajantes. A equipe de Dakila Pesquisas também identificou um geoglifo no local.
Caminho do Peabiru
No estado paulista, o Caminho do Peabiru saía de São Vicente, no litoral paulista, cruzava a cidade de São Paulo, inclusive no centro histórico da capital, passava pelas regiões de Sorocaba, chegava na região da Cuesta de Botucatu pelo Rio Tietê, cruzava a encosta da Cuesta, passando por belas florestas e riachos, até as místicas três pedras e o Gigante adormecido, e chegavam no Rio Paranapanema.
O caminho se conectava com as regiões de Cananeia, em direção ao Paraná, e dali passava pelo litoral catarinense até o Rio Itapocu, em Barra Velha, sobia por Jaraguá do Sul, Corupá, passando pelo interior paranaense, Foz do Iguaçu, Paraguai até chegar às atuais áreas da Bolívia e Peru, antigo território do império Inca, e a costa do Pacífico, dirigindo-se para a Europa.
Historicamente, esta rota transcontinental também era utilizada de forma religiosa, com objetivo de seguir o trajeto do sol, sob a orientação da via láctea. Mais tarde, a trilha foi adotada pelos europeus em busca de ouro e prata, tendo uma grande importância para a colonização do sul do país, pois permitia o acesso a diversos lugares por terra.