Lula 36% e Bolsonaro 31%: eleição presidencial será decidida com composições político-partidárias
Pesquisa Badra mostra que é cada vez menor a distância entre Lula e Jair Bolsonaro, confirmando a tendência verificada nos levantamentos de outros institutos
07/03/2022 - segunda às 13h31Há três anos e meio ninguém apostaria um grão de feijão na tese de uma disputa apertada, pela Presidência do Brasil, entre Lula e Jair Bolsonaro. O PT estava praticamente morto, com o ex-metalúrgico preso e o “capitão” dava início a sua caminhada no comando do País, tendo como ministro da Justiça, Sergio Moro, o juiz da Lava-Jato.
Há um ano e meio ninguém apostaria um outro grão de feijão na tese de uma disputa apertada, pela Presidência da República, entre Jair Bolsonaro e Lula. O “capitão” tinha seu governo mergulhado numa crise sem precedentes e Lula começava a renascer das cinzas, cinzas resultantes dos tantos incêndios promovidos por Bolsonaro & Família.
Agora, ambos, se juízo tiverem, e mais do que isso desejarem de fato vencer a eleição de outubro de 2022, vão ter que se socorrer do melhor xadrez político e da mais assertiva composição partidária. Lula e Bolsonaro, hoje, estão prestes a disputar uma eleição pau a pau, como se diz na gíria.
O resultado da Pesquisa Badra para a Presidência da República apresenta um cenário de quase empate técnico. Não muito diferente, aliás, dos números de outros institutos como o Ipespe e o PoderData. A diferença é que o levantamento realizado pela Badra, nos dias 3 e 4 de março, ouviu apenas eleitores da Baixada Santista e do Vale do Ribeira.
Na estimulada, Lula alcança 36% das intenções de voto, contra 31% de Bolsonaro. Apenas seis pontos percentuais os separam, numa pesquisa que tem margem de erro de 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos. Na espontânea, aquela em que o eleitor recorre apenas à memoria e responde livremente em quem votaria, está dando 22,5% contra 21,4%, respectivamente para Lula e Bolsonaro. Empate total.
“A verdade é que houve um momento em que Lula e o PT acharam que o jogo estava ganho e passaram a adotar uma posição de soberba, olhando inclusive os partidos aliados como se eles estivessem em plano mais baixo. Mais do que nunca vão precisar dos aliados se quiserem voltar a comandar o País”, argumenta Mauricio Juvenal, analista de dados da Badra Comunicação.
Não distante disso, explica, Bolsonaro, mesmo com o poder da caneta, terá de ceder ainda mais aos caprichos dos partidos aliados e, quem sabe, até atrair outras legendas que, inicialmente, não estavam nos planos. “Longe de ser a prática do toma lá, dá cá, mas, sim, da consolidação de alianças políticas, nomes e partidos, que somem votos. O placar final em outubro tende a ser apertado, se nenhum fato novo e fora da curva ocorrer, e atrair votos em potencial se torna palavra de ordem”, afirma.
Num segundo bloco, e tanto na espontânea como na estimulada, aparecem pela ordem Sergio Moro, do Podemos, e Ciro Gomes, do PDT. E o ex-juiz tem, na estimulada, 9,9% das intenções e o ex-governador do Ceará, 7,7%. Supondo que todos os demais pré-candidatos renunciassem à disputa em favor de uma terceira via, no caso Moro, que hoje está na terceira posição, nem assim a soma das intenções se aproximaria de Bolsonaro, o segundo lugar. A diferença seria inclusive maior do que a de Bolsonaro para Lula. “Para romper com a polarização que está colocada precisa de muito mais do que discurso e união. Precisa de um desenho novo, com novos personagens, com capacidade de aglutinação política e trânsito junto ao eleitorado, provavelmente alguém de fora do sistema político, mas com muita visibilidade. Me parece que não temos tantos nomes disponíveis”, explica o especialista.
Apesar de 45% do eleitorado afirmar que se mantém indeciso, a tendência é que a grande maioria desses opte por Lula ou Bolsonaro, quando não, deixem de votar ou votem em branco ou nulo. “A abstenção em 2018 já foi estratosférica, da ordem de 20%, sem contar os votos nulos. Estamos falando em algo em torno de 45 milhões de eleitores, em um eleitorado total de 147,5 milhões”.
Para governador de São Paulo
A proximidade do resultado da Pesquisa Badra, para a eleição presidencial, com os resultados de outros institutos, não se vê no levantamento para o Governo de São Paulo. A justificativa é simples: Baixada Santista e Vale do Ribeira “possuem” um pré-candidato que é filho da terra, o ex-governador Márcio França (PSB), com fortes raízes no Vale do Ribeira e ex-prefeito de São Vicente.
“Era de se esperar que os eleitores dessas duas regiões depositassem suas intenções, preferencialmente, em França. Óbvio que o resultado mostra força, mas, ao mesmo tempo tendencia para esse fator, digamos assim, extracampo”, explica Maurício Juvenal.
Márcio França aparece, na estimulada, com 35,6% das intenções de voto, contra 14,7% de Fernando Haddad, do PT, e 12,2% de Tarcísio de Freitas, hoje sem partido. Tarcísio é ministro do Governo Jair Bolsonaro e conta com o apoio declarado do Presidente da República.
Pela ordem, e na sequência, aparecem Guilherme Boulos, do PSOL, com 7,3% das intenções (ele deve retirar sua candidatura em favor de Fernando Haddad); Arthur do Val, do Podemos, com 3,9% (ele retirou sua candidatura no sábado, dia 5, após ter áudios com conteúdo sexista vazados); Rodrigo Garcia, do PSDB, com 2,9% (e que convive hoje com o fantasma de seu padrinho político, o governador João Doria, desistir da candidatura à Presidência); e Vinícius Poit, do Novo, com 1,8%.
O problema é que se o PT e Lula mantiverem a queda de braço com o PSB, insistindo na candidatura Fernando Haddad, que potencialmente tem mais votos que França exclusivamente no 1º turno, é possível que tenhamos em São Paulo o mesmo desenho de polarização da esfera federal, com Haddad contra Tarcísio.
“O eleitor paulista é mais conservador. Fora a Capital e parte da Região da Grande São Paulo, onde há de certo modo um cinturão vermelho, mas que o PSDB tomou conta da eleição municipal de 2016, as chances de um candidato totalmente de esquerda vencer são bastante remotas. Até por conta do cenário federal, talvez fosse importante o PT rever as estratégias, mas parece que está faltando humildade e respeito aos partidos que se mostram dispostos a compor um arco de alianças”, finaliza.
Mais pesquisas
Reafirmando seu compromisso com o eleitorado da Baixada Santista e do Vale do Ribeira, a Badra Comunicação está programada para realizar mais três levantamentos de intenção de voto, até outubro, e sempre respeitando as disposições legais, assim como as normativas formais e oficiais do Tribunal Superior Eleitoral, o TSE. “O objetivo é sempre o de levar informação, de qualidade, precisa e com imparcialidade, ao eleitor. A Badra foi o único instituto da região a registrar pesquisas eleitorais em 2020, às vésperas da eleição, em todos os municípios da Baixada, tendo assim seu desempenho passível de aferição. Acertamos, dentro da margem de erro, o resultado em oito das nove cidades. Isso está no papel. Só erramos em São Vicente e por conta de uma variável interveniente que foi o atentado sofrido pela então candidata à prefeita, Solange Freitas”.
A presente pesquisa de opinião realizada pela Badra Comunicação é autoral. Ouviu 1.504 eleitores da Baixada Santista e do Vale do Ribeira, nos dias 3 e 4 de março. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos, e o intervalo de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada junto ao Tribunal Superior Eleitoral sob os números BR-01761/2022 e SP-07300/2.
De forma transparente, a Badra disponibilizará, a partir de amanhã, dia 8, o caderno de resultados para todos as pessoas que solicitarem. Para isso, os interessados devem dirigir mensagem, por e-mail, ao instituto: administrativo@badracomunicacao.com.br.