COROAÇÃO

Figurino da coroação do rei Charles tem peça de mais de 200 anos

A etapa do evento em que Charles veste os trajes é chamada de investidura. Ele a inicia colocando uma peça branca sem mangas que lembra uma camisola e é conhecida como "colobium sindonis" (em latin, algo como túnica de proteção)

03/05/2023 - quarta às 00h01
Roupa mais simples de toda a cerimônia, ela simboliza o despojamento da vaidade mundana para estar diante de Deus - Divulgação

Enfim revelado nesta segunda-feira (1º) pelo Palácio de Buckingham, o figurino usado pelo rei Charles em sua cerimônia de coroação será de peso. Figurativamente, já que boa parte dos artigos, senão todos, foram usados por outros monarcas em suas respectivas coroações -uma tentativa do monarca, conhecido por seu engajamento na causa ambiental, de tornar o evento mais sustentável.

E também literalmente. Incluindo a coroa, que pesa pouco mais de dois quilos, os itens a serem usados pelo monarca somam pelo menos sete quilos.

A etapa do evento em que Charles veste os trajes é chamada de investidura. Ele a inicia colocando uma peça branca sem mangas que lembra uma camisola e é conhecida como "colobium sindonis" (em latin, algo como túnica de proteção). Roupa mais simples de toda a cerimônia, ela simboliza o despojamento da vaidade mundana para estar diante de Deus.

Em seguida, Charles tem os ombros cobertos pela estola da coroação, uma faixa de seda dourada bordada estreita que, assim como a "colobium sindonis", também remete a uma batina sacerdotal.

Sobre a camisola vem a chamada sobretúnica, um manto de seda dourado adornado por uma faixa bordada com espirais. A peça foi encomendada para a coroação do rei George 5º em 1911 e usada em todos os eventos do tipo desde então. Seu formato, no entanto, data de ainda antes disso, da era medieval.

Depois, o príncipe William, o próximo da linha sucessória, ajuda o pai a vestir o manto real, ou imperial. Tecido com fios de ouro e pesando entre três e quatro quilos, ele é decorado com motivos associadas à realeza britânica, como rosas Tudor e trevos, e é preso ao peito com um fecho no formato de uma águia dourada, outro emblema que se repete em vários outros itens do figurino da coroação. O manto, aliás, é a peça mais antiga da cerimônia, tendo sido manufaturado para a coroação de George 5º, em 1821.

Em seguida, o manto real é envolvido por uma cinta também dourada. A peça inclui um espaço para a Espada da Oferenda, que representa a capacidade do soberano de decidir entre o bem e o mau.

Mais ou menos no mesmo momento, o monarca tem sua mão direita calçada com uma luva de couro branco com punho grande, num modelo típico da era medieval. É com esta mão que Charles segurará o cetro durante a coroação de fato -a função do acessório é lembrá-lo de ser gentil ao aumentar impostos.

Ambas a cinta e a luva costumavam ser feitas sob medida para cada monarca britânico. Foram esses os itens que Charles decidiu reutilizar em nome da sustentabilidade, repetindo, desse modo, as mesmas peças feitas para a coroação de George 6º, em 1937 -seu avô e também último monarca homem.

É só depois disso tudo e de ganhar as demais joias da realeza que Charles tem a coroa de Santo Eduardo, peça de ouro maciço fabricada em 1661, colocada sobre a sua cabeça. A coroação de fato é então seguida da tradicional "homenagem dos pares".

Em cerimônias anteriores, esta era a hora em que membros da família juravam lealdade ao novo monarca. Desta vez, porém, o juramento será realizado pelo próprio povo -todos os presentes na Abadia de Westminster, assim como espectadores do evento de todo o mundo, serão convidados a realizá-lo.