Quadras das escolas de samba de Santos cheias preocupam com aumento de casos de gripe e Covid-19
Infectologista afirma que festa é totalmente descabida em função da velocidade de transmissão do vírus
07/01/2022 - sexta às 10h38Em meio a epidemia de gripe que lota hospitais municipais e privados da Baixada Santista somada a pandemia de Covid-19, que voltou a ter um aumento no número de casos com a chegada da variante ômicron, grandes aglomerações de pessoas voltam a ser altamente perigosas. E com o Carnaval se aproximando, essa preocupação aumenta ainda mais.
A cidade de Santos suspendeu os blocos de rua pelo segundo ano consecutivo. Porém, um fato que vem preocupando moradores e infectologistas são os ensaios que estão acontecendo para os Desfiles das Escolas de Samba que, até segunda ordem, irão acontecer nos dias 18 e 19 de fevereiro de 2022. Isso caso sejam autorizados pelas autoridades sanitárias, em obediência ao Plano SP, gerido pelo Governo do Estado.
Imagens compartilhadas nas redes sociais de algumas agremiações mostram um grande número de pessoas nas quadras das Escolas se divertindo, mas grande parte delas sem utilizar máscara de proteção.
O médico infectologista Ricardo Hayden, do Hospital Guilherme Álvaro, em Santos, diz que a festa é sempre boa, mas em um momento como esse passa a ser totalmente descabida em função da velocidade de transmissão do vírus, seja da gripe ou da Covid-19.
Ele lembra que a gripe é uma doença que também causa problemas e hoje está respondendo, em alguns lugares do Estado, pelo número maior de internação do que propriamente por Covid, uma vez que essa cepa do coronavírus, aparentemente, é um pouco menos agressiva que as outras, mas tem uma velocidade de infecção muito maior.
"Por isso não há como sustentar essas festas, em especial o que vem pela frente com o Carnaval, como blocos de rua, ensaios de escola de samba e o próprio desfile. A gente sente, porque é uma festa popular, traz recursos para quem produz, aumenta a ocupação dos hotéis, mas do ponto de vista médico, em especial da infectologia, não há como a gente concordar com essa possibilidade. Assim como o futebol, que é o ópio do povo, também podemos concordar com a presença de torcida na situação atual. Com a velocidade de difusão dessa cepa de Covid-19 acho pouco provável que qualquer coisa nesse sentido vingue", explica.
Licess
A Liga Independente Cultural das Escolas de Samba de Santos (Licess) segue trabalhando junto às agremiações e à Prefeitura para viabilizar a realização do desfile. O presidente Fabio Przygoda explica que, além dos aspectos técnicos, também está aperfeiçoando protocolos sanitários específicos para os ensaios e para a Passarela do Samba.
Além disso, ressalta que, conforme já amplamente divulgado, o evento só se realizará se atender aos parâmetros do Plano São Paulo à época. " Como o prazo para esta definição ainda está em curso, o cronograma continuará a ser cumprido, respeitando as recomendações vigentes e mantendo em atividade uma importante cadeia produtiva local", diz.
Em nota, a Prefeitura Municipal de Santos esclarece que, no momento, os preparativos para o Desfile estão autorizados e segue dizendo que apesar da ampla imunização da população contra a Covid-19 (já que mais de 78,3% já têm 2ª dose ou dose única), serão permitidos na cidade durante o Carnaval somente eventos com público controlado, conforme a recomendação de especialistas da área de infectologia.
Ainda segundo a nota, o desfile das agremiações de samba e os ensaios são considerados eventos controlados. Já as bandas carnavalescas que circulam pelos bairros seguirão vetadas, devido à tendência de aglomeração de foliões.
Por fim, as autoridades dizem que, caso o evento seja confirmado pelas autoridades de saúde, os protocolos que serão aplicados em fevereiro de 2022 também seguirão as determinações do Plano SP vigentes naquele período.