Digno de Cinema: Vicentino participa de produção vencedora do Oscar

"Eu carrego São Vicente comigo em todas as produções em que trabalho". Dessa forma, o técnico de escaneamento 3D Ericsson Santos, nascido na Primeira do Brasil, que trabalhou na produção de Duna Parte 2, obra vencedora de dois prêmios Oscar, definiu sua relação com a cidade natal. Criado na Náutica III, ele saiu das ruas do Município para levar seu talento às telas do mundo inteiro, trabalhando em filmes e séries premiados, que encantam o público com efeitos visuais fascinantes e transportam os espectadores para universos onde tudo é possível.
 

Funcionário da Pixel Light Effects, Ericsson é responsável pela captura em 3D de objetos, cenários e pessoas. Ele integrou a equipe da produção cinematográfica que conquistou os prêmios de Melhor Som e Melhores Efeitos Visuais. Nessa última categoria, o vicentino, que atualmente mora em Vancouver, no Canadá, contribuiu diretamente.

 

O que faz um técnico em escaneamento 3D? Ele explica:
Meu trabalho é focado no escaneamento 3D de diversos tipos de conteúdo, sejam objetos, cenários ou pessoas, utilizando equipamentos de alta tecnologia. Essa técnica é amplamente utilizada na indústria de jogos, filmes e séries. Além do escaneamento, também faço uso de câmeras fotográficas manuais para capturar imagens de referência, incluindo fotos em 360 graus e panorâmicas.

Mesmo estando longe, as memórias da Cidade onde passou sua infância não são apagadas pelos holofotes de Hollywood, pelo contrário, a saudade de revisitar esses momentos acompanha diariamente a sua vida. "Lembrar do meu passado é ter nostalgia da Náutica III, de compartilhar momentos maravilhosos da minha infância: jogar bola na rua, brincar de esconde-esconde, andar de bicicleta, frequentar o comércio local, surfar de bodyboard, jogar futebol na Praia do Itararé... Toda vez que eu posso ir ao Brasil, fico em São Vicente. Minha relação com a cidade é de puro amor".
 

O roteiro da vida de Ericsson Santos poderia facilmente ser adaptado para o cinema. Desde jovem, ele se fascinava com os efeitos visuais e queria entender como o cinema criava imagens tão impressionantes. Depois de ganhar seu primeiro computador, começou a estudar o assunto e, ainda no ensino médio, decidiu que trabalharia com entretenimento. Iniciou sua trajetória nos jogos eletrônicos, mas foi o cinema que o conquistou de vez. Determinado, cursou Animação 3D no Canadá, transformando um hobby em profissão e, depois, em grandes conquistas.
 

Após a conclusão do curso, Ericsson trabalhou em agências de publicidade e na indústria de jogos 3D. Até que a DNEG, considerada a maior produtora de efeitos visuais do mundo, fez uma proposta de emprego. Foi quando sua carreira deu um salto, permitindo que colaborasse com grandes produções e profissionais renomados do mercado."Minha carreira me deu a oportunidade de trabalhar com estrelas de Hollywood, mas eu sempre lembro da humildade. Sei de onde vim, e São Vicente representa isso: humildade e trabalho." Desde 2022, ele contribuiu para projetos como Venom: The Last Dance, a adaptação do jogo The Last of Us para a streaming e, mais recentemente, Duna Parte 2.

 

Duna: Parte 2
Vencedor de dois prêmios do Oscar, a obra é uma continuação direta de Duna (2021), adaptação do livro homônimo, de Frank Herbert, considerado um dos maiores clássicos da ficção científica. Dirigido por Denis Villeneuve, o filme acompanha Paul Atreides (Timothée Chalamet) em sua jornada de vingança contra aqueles que destruíram sua família, enquanto une forças com os Fremen e enfrenta escolhas que definirão o destino de Arrakis.

"Estar envolvido em uma produção gigantesca, com uma equipe extremamente talentosa e que ganhou um Oscar, é uma conquista indescritível. Poder levar o nome de São Vicente para esse patamar é um motivo de imensa felicidade". E acrescenta: "Quando vi meu nome nos créditos naquela tela gigante, me emocionei muito. É surreal pensar nisso agora. Passei a vida inteira em São Vicente, e agora estou sentado em uma sala de cinema no Canadá, vendo meu trabalho ganhar o mundo".

 

Conselhos para quem quer seguir essa carreira
Para aqueles que sonham em trabalhar na indústria de efeitos visuais, Ericsson dá um conselho valioso: "Estude bastante, dedique-se e encontre sua paixão. Eu escolhi essa área porque sempre fui fascinado por ela, e isso me motivava a aprender mais e a melhorar constantemente. Então, busque algo que te mantenha curioso e empolgado." Sobre ser uma inspiração para as futuras gerações, ele conclui: "Sempre me esforcei muito, então, ser uma referência para alguém é uma alegria imensa. Se eu conseguir inspirar ao menos uma pessoa, para mim já valeu a pena".