Rosane Farah - Bióloga, responsável técnica pelo Instituto Gremar - Guarujá
Rosane Farah
30/09/2021 - quinta às 00h00
O Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias (DMLRP) é uma data atualmente global, mas sua origem é norte-americana. Ele foi criado pela organização Ocean Conservancy, em 1986.
Sete anos depois, surgiu na Austrália a campanha “Clean Up the World”, trazendo a mensagem bastante direta em sua tradução literal e dando sequência à ideia o engajamento social.
No Brasil, muitas ações se inspiraram a partir desses movimentos. Até que, no início dos anos 2000, passamos a promover em conjunto a campanha do “Dia Mundial da Limpeza em Rios e Praias”.
Neste caso específico, decidiu-se que ele seria reeditado sempre no terceiro sábado de setembro (simbolizando a chegada da primavera) e, desde então, milhares de ações semelhantes se espalham ao redor do planeta.
Nós, do Instituto Gremar, historicamente estivemos engajados nesta causa desde 2008 e, nos últimos 11 anos, passamos a organizar ações de próprio punho.
Em 2018 e 2019, por exemplo, à frente ou colaborando com estes mutirões, o Gremar recolheu mais de 100 toneladas de lixo. E só interrompemos o calendário em 2020, em razão da pandemia da Covid-19.
Porém, no último dia 18, nos reencontramos após este hiato. Organizamos um mutirão de limpeza de praia em Santos (SP), em parceria com o Instituto Mar Azul, o Projeto Mantas do Brasil, o Projeto Albatroz, a associação Santos Lixo Zero e a Secretaria de Meio Ambiente de Santos.
A ação contou com a presença ilustre da atleta Ana Marcela Cunha, campeã olímpica da maratona aquática na Olimpíada de Tóquio. Pela causa, ela realizou uma travessia de 7 km, nadando de Guarujá a Santos.
O evento, é claro, adotou todas as medidas de segurança contra a Covid-19, como o uso de máscaras de proteção, higienização com álcool em gel e distância segura entre os participantes. A Ativa House, a Petrodansk, a MSC e a Mandu Orgânicos colaboraram como apoiadores.
Assim, cerca de 240 participantes deram sua contribuição removendo da areia 62 tipos de resíduos diferentes, totalizando mais de 376 kg e 20,5 mil itens, em uma área que se estendeu desde o Canal 4 a Ponta da Praia (aproximadamente 2 km de extensão), além da parte do costão, com as equipes de canoagem.
Deste total, os itens encontrados em maior quantidade foram: bitucas de cigarro (45%), plástico (35%, entre plásticos rígidos e moles, além de tampas, garrafas e pinos), isopor (11%), madeira (4%), vidro (2%) e petrechos de pesca (1%).
Como se vê, o descarte inadequado desses materiais continua intenso e, não por acaso, é um dos principais causadores de mortes de animais marinhos em todo o mundo.
Isso impacta diretamente o trabalho do Instituto Gremar e, por isso, seguimos cumprindo nosso papel em não só participar ativamente deste tipo de mobilização, como realizar periodicamente ações de educação ambiental para estudantes, comunidades e empresas.
E não pararemos por aí. Estas mobilizações em prol do Meio Ambiente e do Desenvolvimento ainda impactam as comunidades científica, diplomática e política, abrem espaço para debates e iniciativas que adotam modelos sustentáveis de futuro.
O Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias, independe do nome adotado, é uma ocasião sempre inspiradora, que traz sensibilização, educação e conexão entre diversas pessoas que se unem por um objetivo comum: cuidar do nosso planeta Terra, da nossa casa.
Desejo que em 2022 possamos reeditar esta parceria em um cenário menos preocupante, e aproveito para cumprimentar e agradecer todos os voluntários que participam destas ações, com determinação, força de vontade.
Juntos renovamos a esperança de um planetacmais limpo e saudável, em respeito a todas as formas de vida.
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