José Virgílio Leal de Figueiredo - Presidente do Instituto Arte no Dique
José Virgílio Leal de Figueiredo
10/02/2022 - quinta às 00h00
“O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso”, disse. Ariano Suassuna.
Quem dera ter o poder de precisão de grande e eternizado escritor e professor paraibano. Mas o momento que vivemos e o ano que inicia me levam diretamente à frase que ele cunhou e que tão bem traduz a humanidade. Com tantas atrocidades acontecendo no Brasil e as mortes recentes do congolês Moïse Kabagambe e do brasileiro Durval Teófilo Filho escancaram, mais uma vez, o racismo estrutural enraizado em nosso país. Famílias são devastadas pelo preconceito, pelo ódio. Nos últimos três anos, influenciados por quem deveria guiar e cuidar do povo, pessoas sentiram-se à vontade para expor seus preconceitos e temos um cotidiano de tensão permanente. É a realidade nua e crua que nos impede de ter um otimismo raso e supérfluo.
Ao mesmo tempo, quando vejo os mais jovens, principalmente no dia a dia do Instituto Arte no Dique, onde atuo, percebo uma nova geração empática, capaz de aprender rapidamente e lidar com situações que, na minha época e na mesma faixa etária, não conseguíamos. Uma geração que tende a respeitar as diferenças, se posicionar, agir em prol do outro. São crianças e adolescentes que construirão o futuro da nação.
Assim, não dá para ser uma visão totalmente pessimista do que vem por aí. Até por que a história nos mostra que vivemos de ciclos e 2022 tem tudo para ser um ano divisor de águas. Um ano em que o povo brasileiro poderá optar entre retomar o crescimento, os investimentos em educação, ciência, saúde, segurança (o que não tem nada a ver com armar as pessoas), cultura, no social, na inclusão, recuperar todos os avanços interrompidos abruptamente de 2019 para cá, ou irmos mais fundo no precipício que já estamos.
Eu acredito que os brasileiros escolherão a primeira. Pois chegamos ao ponto que ninguém mais aguenta tanta destruição, tanto desprezo pelo povo, pela ciência, etc. Em 2022 o Instituto Arte no Dique completa 20 anos de atuação. Chegar até aqui, firmes e fortes, mesmo com os altos e baixos do país, e ver essa garotada que cresceu e ganhou o mundo e novos meninos e meninas que todos os anos chegam à instituição em busca de conhecimento e oportunidades, é o que me faz ser um realista esperançoso.
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