Deraldo Silva - Coordenador da Central Única das Favelas (CUFA) - Baixada Santista
Deraldo Silva
13/04/2022 - quarta às 00h00
Para a CUFA, favela é potência! A força está nas pessoas que habitam esses territórios. Como diz Celso Athayde, fundador da CUFA, "um lugar vivo, orgânico, que tem coração, que respira, composto pela síntese de suas gentes, suas histórias e suas culturas".
Talentos, muitas vezes, são escondidos pela imensa desigualdade social e racial. Favelas estão distantes do centro, carecem de infraestrutura e seus personagens, anônimos, ficam a espera de uma oportunidade. Ela pode surgir de várias maneiras, uma delas é o esporte. E nesse sentido marcamos um golaço com a Taça das Favelas, o maior campeonato de futebol entre favelas do mundo.
Por meio da lei de incentivo ao esporte, ganhou recentemente no Rio uma sede própria que vai abrigar o torneio em maio. Um investimento em torno de 1 milhão de reais. Novo gramado, arquibancadas e iluminação para jogos noturnos. A comunidade ganha porque sente-se valorizada.
Por aqui duas cidades acreditaram na ideia e apoiaram o torneio, Praia Grande e Santos. E os frutos já começaram a ser colhidos.
Matheus Jesus tem 18 anos e o sonho de quase todos os meninos favela: ser jogador de futebol. Foi campeão e artilheiro do campeonato na cidade de Santos, jogando pelo Dale Capela. Na semana passada, a Portuguesa Santista anunciou a contratação do jovem. Como jogador profissional, projeta transformar a sua vida e da mãe que sempre o apoiou.
Além de Matheus, a Taça das Favelas deu visibilidade a outros tantos garotos que, por mais que tivessem talento e habilidade, estavam lá escondidos, apagados. Sementes que se espalharam e podem até germinar no exterior. Alguns deles estão passando por testes que podem levá-los a iniciar uma carreira em Portugal.
As oportunidades precisam chegar nesses territórios. Para isso, as parcerias público-privadas são fundamentais. Com apoio é possível realizar torneios esportivos, não só de futebol, mas em tantas outras modalidades e assim descobrir campeões. Ídolos que irão ser referência para futuras gerações.
Quer mais exemplos? Oficinas culturais. Atores que hoje brilham no cenário nacional como Lázaro Ramos, Jéssica Elen, Roberta Rodrigues, saíram da periferia, de cursos que chegaram nesses locais. É preciso levar educação e tecnologia para fomentar projetos de geração de renda e apoiar o empreendedorismo nas favelas.
É nessa revolução que acreditamos. Sem armas, proporcionando a esses jovens múltiplas possibilidades. Afinal, como diz o músico Caetano Veloso: “gente é para brilhar, não para morrer de fome".
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