Márcia Faria Rodrigues - Médica pediatra e especialista em adolescentes
Márcia Faria Rodrigues
18/11/2021 - quinta às 16h19
Não sou psicóloga. Nem psicopedagoga. Mas há situações no consultório de pediatria e adolescentes que se entrelaçam com essas duas áreas.
Caso 1: Criança 8 anos, acompanhada pelo pai em consulta.
Eu pergunto: O que posso fazer por vocês hoje?
Pai: Não sei Dra. A mãe mandou eu trazer ela aqui. Não sei nada.
Eu: bem, da outra vez, há 6 meses atrás, eu pedi alguns exames, o senhor trouxe?
Pai.: Não. Filha, você fez algum exame?
Infelizmente, não é um caso isolado, pelo contrário, é muito frequente.
É comum os pais não saberem NADA da vida dos filhos, ou julgarem que tudo é responsabilidade da mãe. A maior desculpa é: "eu trabalho". hãhã.....
No entanto a maioria das mães TAMBÉM trabalham! Aí só quem sabe alguma informação é a avó.
Trabalhar, ser responsável pelo "sustento" não exime ninguém da responsabilidade maior que é cuidar e educar os filhos.
Não falo da boca pra fora: como pediatra, e sempre trabalhando MUITO, com pouquíssima ajuda dos avós, sempre fui responsável pelos meus 3 filhos (hoje adultos, já sou avó!)
Quando ocorre uma separação então, tudo piora ainda mais: em geral o "genitor" acha que tem apenas o "direito" de curtir o filho nos seus dias de "visita" e se exime totalmente da responsabilidade na criação dos filhos.
Infelizmente não raramente também, a mãe se torna a "provedora financeira" e sobra para a avó a tarefa de criar os netos.
O que podemos (ou devemos) fazer?
Vamos lá (pais e mães, ok?):
1. Preparar o café da manhã, dar bom dia e desejar boa aula.
2. Determinar e saber o que o filho comeu no dia. Ligue no meio do dia. Pergunte se almoçou, se fez lição, se tomou banho.
3. Participe da vida escolar: o que está aprendendo, quais os melhores amigos (e os conheça), notas e ajude nas dificuldades.
4. Conheça a saúde: quem é o pediatra, o dentista, quando foi a última consulta, o que foi solicitado e prescrito e quando deve retornar.
5. Cuide do sono: desligar TV, tirar celular, apagar a luz e dar um beijo de boa noite. Se possível, ler um pouco (quando puder, terá o hábito de ler sozinho antes de dormir).
Isso é o mínimo, claro! Há muito mais!
E até quando? Até serem adultos. (Adolescente não é adulto!)
Vamos ficar por aqui hoje. O assunto dá um livro.
Dá não, já deu: “Pais Que Trabalham Fora”, de Earl A. Grollman e Gerri L. Sweder.
Boa leitura!
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