Ana Patrícia Arantes - Jornalista, atua com Comunicação e Sustentabilidade
Ana Patrícia Arantes
04/02/2022 - sexta às 00h00
O jornalismo, diferente da publicidade e do marketing, deve se pautar pelo compromisso com o interesse público e com o fortalecimento do diálogo na sociedade. Na cobertura socioambiental é comum matérias que levam o destaque das tragédias de degradação ambiental sem relatar ou mesmo se aprofundar nas causas que as originou.
A mídia parece ainda não ter a maturidade necessária para se anteceder ao trágico e produzir em seus conteúdos notícias com menos superficialismo - conseqüência de comodismo ou despreparo na abordagem.
Outro cenário que também prejudica o crescimento de um sério jornalismo ambiental, são estratégias da publicidade marketing agregando as campanhas produções textuais que claramente abordam apenas um lado da história – neste caso o dos clientes, e estes conteúdos acabam por pautar editores de grandes mídias, que creio tornam-se reféns de espaços publicitários disfarçados de matéria na área da sustentabilidade.
Nessa tocada entre jornalismo e marketing verde a sociedade se torna cada vez menos informada da realidade dos fatos ambientais das suas cidades e fica distante de uma efetiva participação popular nas decisões sobre o uso e ocupação do solo, acesso a água potável, habitação, reciclagem e compostagem entre outros temas tão importantes para se viver em uma cidade sustentável e com qualidade de vida.
Percebe-se, assim, a necessidade de criação de um novo modelo de comunicação que consiga expressar de forma coesa e esclarecedora a importância do meio ambiente no cotidiano não somente para cientistas e entendedores do assunto, mas para cidadãos leigos e comuns.
Talvez as universidades possam despontar esta transformação ao levarem em seus cursos de comunicação experiências ambientalistas do território inserindo em suas práticas educativas e comunicativas as lutas socioambientais, as temáticas discutidas nos conselhos municipais e regionais proporcionando a integração entre a formação do jornalista e do cidadão ambiental, sem esquecer é claro, do princípio do equilíbrio, que recomenda ouvir sempre, todos os lados.
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