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Precisamos respeitar os idosos!

José Virgílio Leal de Figueiredo - Presidente do Instituto Arte no Dique

José Virgílio Leal de Figueiredo

10/10/2021 - domingo às 16h24

Não bastassem todas as notícias aterradoras que recebemos diariamente por conta da pandemia, e das crises nos âmbitos social e econômico, fomos surpreendidos com o escândalo da Prevent Senior, e a maneira como os idosos foram tratados pelo convênio.
 
Em outros países, e talvez o exemplo mais conhecido popularmente seja o Japão, os idosos são tratados como exemplos, pessoas que detêm uma experiência de vida e, por isso mesmo, têm algo a nos passar, ensinar. Não à toa vemos diretores de empresas, conglomerados dos segmentos de tecnologia, geralmente calcados na criatividade e dinamismo dos mais jovens, mas dirigidos por pessoas mais velhas. 
 
Aqui no Brasil, infelizmente, não é assim. Dependendo da idade, o profissional é colocado de lado, demitido, ignorado e vira até motivo de chacota entre as gerações posteriores, que o consideram “ultrapassado”. Um exemplo ocorre no futebol, com a onda de técnicos na faixa dos 40 anos, estrangeiros, em detrimento de treinadores que venceram dezenas de títulos, mas que a boa parte da imprensa especializada - e a torcida acaba comprando essa narrativa – entende não ser mais necessários. 
 
Talvez uma área que destoe deste pensamento seja a Cultura, já que Caetano e Gil estão aí, firmes e fortes, prestes a completarem 80 anos, e não deixam de ser lembrados por talentos que surjam todos os anos. Entretanto, não podemos nos esquecer de tantos outros casos em que artistas que desenvolveram carreiras brilhantes acabaram esquecidos, relegados à miséria, vivendo em pensões com ajuda de poucos amigos, e mereciam muito mais reconhecimento por parte da crítica e do público. 
 
É preciso que tenhamos políticas públicas capazes de atender às demandas dos mais idosos: tanto para que tenham aposentadorias decentes (algo que, nessa faixa etária, fica restringido praticamente a políticos e militares), mantenham sua saúde mental, não sejam abandonados por familiares e, mais especificamente, no setor da cultura, tenham algum tipo de assistência e seus trabalhos valorizados. 
 
Imaginem os idosos que vivem em áreas vulneráveis, então, as imensas dificuldades que enfrentam. Um país que não valoriza sua memória e os legados das gerações anteriores está fadado a ter uma sociedade excludente e que não entende sua identidade.

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