Ana Patrícia Arantes - Jornalista, atua com Comunicação e Sustentabilidade
04/11/2021 - quinta às 16h33
Publicado por Ana Patrícia Arantes
Cerca de 35.000 representantes de governos e observadores estão inscritos para participar nas negociações que pretendem pôr em prática o Acordo de Paris, durante a COP 26. Porém mesmo que o mundo esteja reunido para propor metas que limitam o aumento da temperatura, se não tivermos governos locais conscientes da importância de adotar novas formas de gestão das cidades, a Baixada Santista estará cada vez mais próxima do caos climático.
Enquanto o primeiro-ministro britânico Boris Johnson defende que devemos passar do debate e discussão para a ação conjunta no mundo real sobre abolir o uso de carvão como fonte de energia, responsável por uma grande parte das emissões de gases com efeito de estufa, acelerar a transição para veículos elétricos e travar a desflorestação, nossos representantes municipais estampam declarações no jornal local apoiando empreendimentos que devastam milhões de metros quadrados de mata atlântica original, usinas que queimam lixo e desconsideram políticas socioambientais e navios que correm riscos de explosão sem segurança para a população. Tudo isso impactando diretamente comunidades tradicionais e indígenas.
Os coletivos se mobilizam, entregam documentos para futuros planos de governo, estão nos conselhos municipais e nos órgãos regionais e estaduais de pautas ambientais, porém, parece que ainda nenhum prefeito da baixada optou por apoiar e levar a pauta sobre pensar uma região que seja pioneira em defender ações para conter o caos climático nas nossas cidades.
O pensamento ainda segue de uma pequenez instantânea de discurso falido da geração de empregos (em fase de obras) por que depois as operações não exigem tanta mão de obra capaz de desafogar ou reverter cenários e aumentar índice de desenvolvimento humano que valha a pena se orgulhar.
O espanto também vem da ausência de questionamentos das mídias que sempre ressaltam a preservação e conservação da nossa floresta atlântica sobre o cenário da compensação ambiental e nunca ampliam a pauta para mostrar uma outra vocação regional que não seja a destruição dos nossos recursos naturais e a marginalização dos povos tradicionais e indígenas.
Quem sabe algum líder político e midiático se atreva e provoque uma mudança de discurso e da prática ambiental na baixada santista. As catástrofes vistas por aqui como inundações, desabamento de encostas, contaminação das águas e dos recursos pesqueiros continuam impondo perdas graves em vidas humana e capital, regredindo o envolvimento socioambiental conquistado até agora.
Saiba mais:
Territórios em luta – documentário que registra as lutas das lideranças na Baixada Santista com a realização do Fórum Popular da Natureza – Núcleo Baixada Santista.
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