José Virgílio Leal de Figueiredo - Presidente do Instituto Arte no Dique
José Virgílio Leal de Figueiredo
18/05/2022 - quarta às 00h00
Algumas coisas marcam nossas vidas, nossa juventude. No meu caso, seria impossível dissociar o meu caráter de momentos tão emblemáticos. E o Santos Futebol Clube, de Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe é um deles.
Digo isso por que sou soteropolitano. Nasci e cresci em Salvador. Hoje posso dizer que tenho orgulho em ser Cidadão Santista, outorga que também define quem sou. Mas lá em Salvador, entre o final dos anos 1950 e toda a década de 1960 foi esse ataque, formado em sua maioria por homens negros (e vale lembrar que a Bahia é o estado com a maior população negra do país), que levou o nome do nosso país ao mundo. Na base do talento, da competência, da raça, da magia. Se somos o que somos no futebol muito é graças a este maravilhoso Santos.
E também foi sobre este maravilhoso Santos que meu time de coração, o Esporte Clube Bahia, venceu seu primeiro título brasileiro, em 1959. Outro exemplo que levaria comigo: o da superação, de jamais dar o jogo por vencido e acreditar, sempre.
Nos anos 1950 e 1960 o Brasil crescia, era coqueluche mundial. Não apenas por conta do futebol, mas por Maria Esther Bueno, Éder Jofre, títulos mundiais no basquete, no boxe, a arquitetura de Oscar Niemeyer, a bossa-nova, o cinema novo (liderado pelo conterrâneo Glauber Rocha). Tudo isso ajudou a me definir.
Ainda no futebol, houve Douglas Franklin, que recebeu destaque ao jogar, com 17 anos, ao lado de Pelé, Edu, etc, no Alvinegro Praiano, mas que viraria ídolo no meu Bahia. Outra lição: As andanças da vida nos levam a caminhos inesperados e que podem nos surpreender.
E foram essas andanças da vida me levaram a trabalhar com gente que admirava, como Margareth Menezes, o Olodum, a Caco de Telha, produtora de Ivete Sangalo, estar próximo àqueles que seriam padrinhos do trabalho que ainda surgiria em minha vida e seria o mais desafiador e mais importante: o Instituto Arte no Dique, em Santos, o qual teve contribuições importantíssimas de Gilberto Gil e Moraes Moreira.
Lá se vão vinte anos (que serão completados em 28 de novembro) de muito trabalho, dificuldades, mas principalmente superação, surpresas positivas, descobrir, desbravar e conhecer essa cidade maravilhosa que é Santos, potência cultural e esportiva. Hoje olho para trás e percebo como tudo se encaixa. E só posso ter gratidão.
E aproveito para convidar a quem nos lê para celebrarmos essas duas décadas de Arte no Dique em 2 de junho, no Teatro Municipal, 19h30, quando haverá show de Armandinho Macedo, Yacóci Simões e Marco Lobo, três grandes artistas e parceiros. A abertura ficará a cargo do Coletivo Querô e haverá exposição de fotos que resumem esses vinte anos intensos. Além de exibições de filmes sobre o instituto, no Museu da Imagem e do Som. Programação proporcionada pela Secretaria Municipal de Cultura, a quem agradecemos. A entrada é gratuita, mas pedimos a gentileza de um quilo de alimento não perecível que será revertido à comunidade do Dique da Vila Gilda. O tempo passa... e que venha mais! Tudo tem valido à pena.
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