Felipe Pupo - Professor de História e profissional da área da comunicação, com ênfase no trabalho voltado à Política, Esporte e Educação
Felipe Pupo
26/03/2022 - sábado às 00h00
Eliminado do Campeonato Paulista de forma vexatória, e ainda lutando até o fim contra o rebaixamento, o Santos FC terá agora a difícil missão de garantir a sua permanência na série A do Campeonato Brasileiro. O Peixe tem um elenco limitado, repleto de jovens promessas (ainda em formação) e muitos jogadores experientes de baixo nível técnico.
Após o fatídico jogo contra o Água Santa, que selou a despedida do Peixe no estadual, os torcedores foram surpreendidos com declarações do goleiro João Paulo e do gerente de futebol Edu Dracena solicitando reforços à diretoria santista. No entanto, os gestores alegam, costumeiramente, que o Santos não tem condições financeiras para arcar com grandes contratações.
Mesmo assim, com a pressão dentro e fora da Vila Belmiro, os dirigentes não tiveram outra alternativa senão buscar soluções mais “baratas” no mercado da bola, porém sem obter grande sucesso nos últimos dias.
Até o fechamento da coluna, o único nome dado como certo foi o de Wiliam Maranhão, volante do Bahia, com passagens discretas pelo Atlético Goianiense e o Vasco. Em que pesem as previsões mais otimistas, entendo que o atleta pode até servir para a composição do elenco, mas está distante do nível técnico necessário para qualificar o meio de campo do Alvinegro na sequência da temporada.
Nesse sentido, a torcida está correta ao cobrar uma posição mais assertiva do presidente Andres Rueda e do Conselho Gestor no que tange ao planejamento do futebol, tendo em vista as constantes ameaças de rebaixamento rondando a Vila Belmiro. De forma dramática, o clube escapou da queda para a segunda divisão em dois campeonatos paulistas e no Brasileirão de 2021. Até quando, a diretoria vai permitir que o “fantasma” continue batendo a sua porta?
Eu insisto que o presidente Rueda faz um trabalho exemplar na administração e na reconstrução financeira do clube, essencial para que o Peixe possa, em um futuro próximo, retomar o seu caminho de conquistas. Mas, a despeito das dívidas, é inaceitável que o Santos seja incapaz de montar equipes minimamente competitivas para disputar os campeonatos com dignidade e evitar o sofrimento e o risco de descenso.
A política de austeridade serviu para sanear as contas do clube, embora ainda tenha uma dívida exorbitante e pouca margem para investimento. De toda a maneira, o Santos evoluiu significativamente e retomou a sua credibilidade na praça. Então, agora é o momento de olhar também para o futebol, buscando soluções criativas e viáveis financeiramente para reforçar a equipe. A contratação (de bons jogadores) é uma decisão necessária e urgente.
Treinador
Mesmo com um caminhão de problemas, a esperança do torcedor santista está no trabalho do bom técnico Fabian Bustos. Em poucos jogos, ele conseguiu imprimir uma evolução no setor ofensivo e na consciência tática de muitos atletas.
Com honestidade ao amigo leitor, confesso que não encarei, inicialmente, com entusiasmo a contratação do ex-comandante do Barcelona de Guayaquil, pois imaginava que ele teria as mesmas dificuldades do outro treinador argentino Ariel Holan, marcado pela passagem precoce e o trabalho infrutífero no Santos.
Por isso, sem compromisso com o erro, faço questão de registrar a minha grata surpresa com a atuação de Bustos nos primeiros jogos à frente do Peixe. Que ele possa ter os reforços necessárias para elevar o nível de competitividade da equipe no Brasileirão, além da Copa do Brasil e da Sul-Americana.
Diante dos fatos elencados acima, penso que hoje o Alvinegro luta apenas para garantir a sua permanência na divisão de elite do futebol nacional, um orgulho que nem todos podem ter. Por outro lado, se a diretoria contratar jogadores de qualidade – e ainda há tempo –, o Peixe pode, sim, especular uma vaga na próxima Taça Libertadores. A bola está com o presidente Rueda.
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