Sandro Olímpio Kbsa - Trabalhador portuário
Sandro Kbsa
29/08/2021 - domingo às 16h10
Um parâmetro que o trabalhador dos portos do Brasil não consegue entender é que, após um ano e meio de pandemia, o que os trabalhadores vêm observando são os recordes e mais recordes sendo batidos nos portos brasileiros, onde os operadores vêm se beneficiando de forma nítida de toda essa situação, com governo sempre privilegiando o patrão e menosprezando a mão de obra.
Vimos durante esse período o governo preocupado com a economia do País, que, é claro, tendo como referência os portos onde escoam toda produtividade nacional e dessa forma mantém a economia estável, onde com certeza acompanhamos os noticiários mês a mês de como foram ampliados os benefícios gerados aos grandes empresários que tiveram a seu favor MPs e decretos para dar continuidade em suas operações, nem que isso causasse aos trabalhadores perdas de direitos que a anos eram mantidas, direitos esses que com certeza os trabalhadores não verão retornar novamente.
E se falando de porto no Brasil, juntou a fome com a vontade de comer, empresários regozijando o que há anos vêm tentando constantemente, mudanças no setor portuário para extinguir categorias, aviltar salários e ter o poder de fazerem o que bem entendem e encontraram nessa pandemia a possibilidade de tornarem seus sonhos em realidade.
Em contrapartida, encontramos a classe trabalhadora fragilizada, acuada e amargurando tantas perdas e ameaças. De todas as notícias de recordes que são apresentadas mês a mês, acompanhamos atentamente quantas linhas são citadas para pôr em evidência a importância dos trabalhadores portuários no dia a dia nos portos brasileiros e não achamos uma vírgula para enaltecer esses profissionais que vêm enfrentando essa pandemia de forma corajosa e honrosa, mesmo com tantas perdas de companheiros, já que a cada dia se tem notícias de uma morte por Covid-19, e esses trabalhadores continuaram com suas responsabilidades dia e noite, sem parar um dia os portos do Brasil.
Os trabalhadores ganharam de incentivo do governo federal uma MP que colocou em risco suas categorias dando ao operador (patrão) o direito de contratação por vínculo fora do sistema. O trabalhador ganhou a notícia de privatizações com o fim do cais público, onde veremos vários pequenos operadores sendo engolidos pelos poderosos empresários financiadores de campanhas e projetos políticos, sendo que esses operadores do cais público são os que mais utilizam a mão de obra avulsa no Porto de Santos e nos portos do Brasil, ou seja, irá ter a falta de requisição e desemprego em massa nos portos do Brasil. O trabalhador ganhou a notícia de uma nova mudança de Lei Portuária. O trabalhador ganhou a perda do direito de se manifestar, o trabalhador ganhou a faca no pescoço para que vissem todos os dias trabalhadores morrendo e ficassem calados e acuados em seus cantos para não perderem seu campo de trabalho.
Uma pena que autoridades políticas e judiciais não consigam enxergar a falcatrua patronal nos portos nacionais para poder implantar classes assalariadas e condições precárias nos portos do Brasil, onde mentem descaradamente dizendo que temos portos automatizados, onde na realidade a necessidade do ser humano é a realidade em aparelhos mecanizados.
Essa é a nossa realidade e os empresários passam para essas autoridades vídeos editados de operações onde ocultam o trabalhador na sua atividade. Isso é um ato frequente dos operadores nos portos do Brasil para se privilegiarem de decisões judicias e de decretos e MPs.
Temos um país cego para os trabalhadores e um país à disposição para entregar de bandeja os desejos do patrão.
E infelizmente para os trabalhadores brasileiros, os últimos noticiários vindos de Brasília são desanimadores para o povo e para o trabalhador.
Projetos tramitando na Câmara e no Senado a toque de caixa, com o extermínio dos direitos trabalhistas.
Trabalhadores dos Portos, Indústrias e comércios sofrerão com essas medidas que vêm tendo só um lado, o lado patronal.
Enquanto isso, nessa pandemia, seguimos festejando os lucros e mais lucros dos patrões e o governo enaltecendo e parabenizando suas conquistas e com isso tendo seus objetivos atingidos, mesmo que isso custe a diferença social aumentando, o poder de compra do trabalhador diminuindo, a constituição sendo rasgada e os direitos dos trabalhadores sendo exterminados.
E por parte do trabalhador o que resta é conviver com a faca pontiaguda em seus pescoços, já amargando o sangue da derrota, não só para a pandemia, diante tantas mortes, mas também de ver sua renda ir ralo abaixo, seus direitos sendo diluídos e sua família sofrendo.
Os trabalhadores portuário avulsos, principalmente, vêm sofrendo esse impacto gerado por toda essa indiferença com os trabalhadores. Esperamos que as representações desses trabalhadores se posicionem urgentemente diante de tantas perdas e possam fazer frente às autoridades políticas e judiciais mostrando a realidade nos portos Brasil.
Obs: no caso de dúvidas, digite no Google recordes nos portos durante a pandemia.
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