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O poder transformador da educação ambiental

Rosane Farah - Bióloga, responsável técnica pelo Instituto Gremar - Guarujá

Rosane Farah

30/11/2021 - terça às 16h05

Embora a exploração de recursos naturais, o crescimento populacional e os níveis de poluição no planeta já acontecessem há muitas décadas, foi somente em 1972 que a preocupação com o meio ambiente e as consequências que as ações humanas poderiam causar sobre ele entraram em evidência. O ano marcou a realização da Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente Humano (organizada pela ONU) e a Declaração de Estocolmo.
 
De acordo com a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei nº 9795/1999 – art. 1º), podemos entendê-la como "processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade."
 
A Educação Ambiental é considerada um exercício de cidadania, uma vez que uma de suas principais consequências é o desenvolvimento integrativo individual que engloba aspectos políticos, sociais, ecológicos, econômicos, científicos e culturais. Justamente porque visa complementar e modificar os valores que o individuo possuía antes de entrar em contato com esses novos conhecimentos, reforçando a premissa de que as questões ambientais e a conscientização trazem benefícios não somente para o meio ambiente, mas para a própria sociedade.
 
Um de seus objetivos fundamentais é tornar o cidadão um agente de transformação que atua tanto individual quando coletivamente em prol da preservação do meio ambiente, de forma a beneficiar sua fauna, flora e recursos naturais.  

Para que uma atividade dessas seja capaz de sensibilizar e gerar mudanças de hábitos nos indivíduos envolvidos, uma série de questões precisam ser levadas em consideração desde o início até o término de sua execução. O caráter da atividade deve ser pensado para o público alvo específico, tendo em conta o grau de conhecimento que o mesmo possui sobre os temas, além disso é importante que todos os sentidos sejam trabalhados para englobar pessoas com os mais diferentes tipos de aprendizado (auditivo, cinestésico ou visual).

O Instituto Gremar realiza atividades de educação ambiental em espaços não-formais das cidades em que atua, no litoral paulista. Cursos, tendas ambientais em praias e eventos, limpezas de praias e rios, atividades com a comunidade e práticas em escolas estão entre elas – e atingem públicos bastante diversos, de crianças a idosos.

Nossas principais ferramentas de conscientização são fruto dos problemas que enfrentamos diariamente no trabalho de resgate e reabilitação de animais marinhos e silvestres, como descarte indevido de resíduos sólidos, agressões e falta de conhecimento sobre os animais, poluição, degradação ambiental, dentre outros.

Em tempos de COVID-19, todos os setores da sociedade precisaram parar, se reinventar e criar novos meios para se comunicar. Não foi diferente dentro dessa frente da atuação, a Educação passou a ocorrer por meio de telas, slides e projeções. Ficamos carentes de contato físico e experiências reais, porém ainda assim foi possível redescobrir um meio de trabalhar com a Educação Ambiental. Realizações de atividades online ficaram bastante frequentes: workshops, tours virtuais pelo acervo e pela Instituição, cursos e palestras telepresenciais.
 
Entramos agora em um momento de flexibilização em relação a pandemia e adaptação para o total retorno das atividades presenciais, ainda tomando todas as medidas necessárias como o distanciamento e o uso de máscara de proteção.  Percebemos que já é possível notar um grande engajamento social, uma enorme sede pelo aprendizado e pessoas mais conscientes da importância que a preservação do meio ambiente possui para nossa própria vida.
 
Não se trata mais de algo teórico, basta ligar a televisão nos noticiários ou abrir seu buscador no celular para entender a gravidade dessa situação e como ações para buscar soluções para esses problemas são primordiais.

Para que haja de fato uma mudança de atitudes e comportamentos a longo prazo, é necessário o envolvimento de todos os setores: terceiro setor, poder público e sociedade. Enquanto isso, para que a Educação Ambiental seja eficiente buscamos sempre as melhores formas de integrar, com outros e novos olhares, na esperança de resultados em favor da natureza e para uma melhor qualidade de vida para todos nós. As ações visam, através de diversas ferramentas, compartilhar o nosso trabalho por acreditarmos que é do conhecimento que vem o amor e é com ele que virá a mudança
 

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal BS9

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