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O Brasil que nós queremos

Paulo Ferraz Junior - Advogado e professor universitário

Paulo Ferraz Junior

14/10/2022 - sexta às 08h43

Qual o país que nós queremos? Em época de eleição essa é a questão que todos devem estar pensando. 

Pode-se dizer que é consenso que a função do Estado moderno é apenas uma, melhorar a vida das pessoas. Bem partindo dessa premissa podemos idealizar um Brasil formidável, onde as pessoas não se alimentem de ossos, tampouco exista gente com fome. 

Na história do Brasil nunca tivemos o Brasil ideal. De tempo em tempo observamos o país ter melhoras econômicas e sociais, como na década de 1970, e depois nos anos 2002, dando a sensação que o país iria “pegar no tranco” e se tornar verdadeiramente um país de primeiro mundo, mas com o passar do tempo percebemos que as coisas voltaram a ser aquelas de sempre, problemas na saúde, educação. De uns anos para cá surge um terceiro problema, consequência dos anteriores, segurança.  

Qual país que nós queremos?

Um país onde a democracia seja verdadeiramente respeitada, sem homofobia, xenofobia, onde as religiões (umbandista, espírita, católica, ou protestante), e as mulheres sejam respeitadas, onde a justiça exista para todos, onde ninguém precise comer ossos para matar a fome, onde existam empregos. Um país sem violência e sem necessidade de andar armado, onde todos tenham acesso à saúde, educação e cultura.

Não resta dúvida que nossa Constituição Federal garante a todos o direito à felicidade, o Estado deve propiciar efetivamente o direito à saúde, educação, segurança, meio ambiente ecologicamente equilibrado, um salário mínimo que tutele a dignidade do ser humano, e para tanto cabe ao cidadão cobrar dos eleitos tais direitos.

O nordestino e brilhante poeta Manuel Bandeira já definiu o país ideal no poema Vou-me embora pra Pasárgada, publicado no livro Libertinagem, em 1930, uma obra modernista.

O poema Vou-me embora pra Pasárgada retrata um sujeito que procura encontrar abrigo num local chamado Pasárgada, um tipo de paraíso perdido, onde qualquer um seria feliz. Assim podemos definir o local:

“Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização”

A cidade de Pasárgada de fato existiu tendo sido a capital do Primeiro Império Persa, mas infelizmente nunca do modo criado pelo poeta Manuel Bandeira.

Outro poeta, também nordestino, que tratou de um local perfeito para se viver foi Gonçalves Dias, em seu poema Canção do Exilio. Na obra o local descrito pelo poeta tem palmeiras, sabiás, e aves, sendo que estas últimas são diferentes, pois “ as aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá”.

Em sentido oposto, mas não menos brilhante, o poeta e músico Vinícius de Moraes, em seu poema A Rosas de Hiroshima retrata o desastre de duas cidades japonesas, Hiroshima e Nagasaki, destruídas por explosões de bombas na segunda guerra mundial, e posteriormente os versos foram musicados pelo grupo Secos e Molhados.

Qual dos versos vamos declamar em 2023? As Rosas de Hiroshima ou Canção do Exílio? Qual país teremos em 2023? 

Um país verdadeiramente democrático? Um país onde as pessoas possam se aposentar e viver de suas aposentadorias? Um país onde as pessoas possam, através do ensino público e gratuito ascender socialmente? Onde exista universidade pública? Onde o servidor público seja valorizado? Onde professor seja remunerado adequadamente? 

Essas são as perguntas, que hoje, todos querem a resposta.

O certo é que a decisão está nas mãos do eleitor. Não existe político ruim, mas eleitor mal preparado, que não sabe escolher. As escolhas feitas neste segundo turno serão de responsabilidade dele. Cabe a ele o dever de estudar os candidatos utilizando meios confiáveis para obter informação, e não em redes sociais e WhatsApp. Somente assim teremos o Brasil que queremos. Um Brasil para todos.

 

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