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Milhões de pessoas enxugam lágrimas...

Ana Paula Nunes Viveiros Valeiras - Chefe do Departamento de Vigilância em Saúde de Santos

Ana Paula Viveiros Valeiras

22/03/2022 - terça às 00h00

Muitos abandonam seus lares, sua família, seu trabalho, seus sonhos... se tornam refugiados. Deixar o seu lar em busca de lugares mais seguros, deixar algum familiar ou amigo para trás são cicatrizes que ficam na alma das pessoas. É a constatação cada vez mais evidente de que a guerra atinge o planeta e centenas de milhares de pessoas são cometidas. 
 
O medo tomando conta do mundo e nós aqui seguindo tudo isso acontecendo...Longe? Perto? Bombardeios em diversas regiões do país da Ucrânia, ficamos apreensivos e é claro que isso nos afeta.
 
Vamos acompanhando, com muita preocupação os caminhos e as consequências dessa guerra, que é  estarrecedora e nos fazem questionar a crueldade instalada.  
 
Estamos vivendo um período muito conturbado e instável no mundo. Ataques e conflitos armados e, embora os combates se limitem ao território ucraniano, o impacto e os desdobramentos refletem no mundo todo, com consequências não só nas questões geopolíticas, econômicas e sociais, mas também em nossa saúde emocional e do nosso organismo. 
 
Nós sempre apresentamos reações diferentes frente ao medo e às incertezas que nos surgem. 
 
Em todas as ocasiões que temos situações de estresse nosso  organismo libera substâncias que vão permitir uma resposta mais ágil do corpo, sendo um processo natural de defesa do organismo. No entanto, quando se perdura por muito tempo podemos ter graves problemas de saúde, seja físico ou mental. 
 
Em situações de alerta ou fuga, temos a liberação do hormônio adrenalina e ao mesmo tempo nossa frequência cardíaca aumenta,  fazendo com que os músculos recebam mais sangue e com capacidade de reagir de forma imediata a qualquer ameaça. Há um aumento da frequência respiratória, tornando a respiração mais rápida e ofegante para ter o máximo possível de oxigênio. 
 
Isso afeta nosso organismo de maneira física, mas os efeitos dessas reações químicas constantes também causam impactos psicológicos, desencadeando ansiedade, depressão, distúrbios comportamentais e estresse pós-traumático, não só em quem está vivenciando presencialmente essa situação, mas também aos que acompanham à distância, devido à extrema tensão causada por sentimentos de medo e incerteza. Absorver a dor daqueles que sofrem diretamente com o conflito é uma realidade que afeta o ser humano.
 
Portanto, frente a esse desafio é importante buscar a paz, através da paz íntima, olhar para dentro de nós e ao nosso redor, mantendo a lucidez diante das injustiças. É necessário buscar alternativas que nos torne melhores, mais generosos, solidários com o próximo e ainda que seja através de um pequeno passo construir a paz que tanto almejamos.
 
"Toda a guerra deixa o mundo pior do que encontrou. A guerra é um fracasso da política e da humanidade, uma rendição vergonhosa, uma derrota perante as forças do mal" (Papa Franscico, 2022).

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