Meu filho é especial?

Foto: Ilustração/Maurício de Souza

Meu artigo desse mês até é pra vocês, pais, que já sabem que seu filho é especial. Mas é principalmente para você que tem certeza que seu filho não se encaixa na definição de “criança especial”.

Tenho grande admiração pelos pais de crianças e adolescentes especiais. Atendo-os praticamente todos os dias. Como pediatra, mas também como mãe, fico admirada como eles tentam ter muito claro quais as limitações de seus filhos mas também vejo a incansável busca pelas suas potencialidades, qualidades, aptidões, e como se empenham em diminuir as dificuldades individuais específicas e não medem esforços para desenvolver as potencialidades: alguns são excelentes em matemática, outros em artes, música, computadores... Tenho um paciente com paralisia cerebral que é um ótimo exemplo: ele é incrível em raciocínio e sempre me traz informações médicas. SIM! Não tenho vergonha de dizer que foi ele, com seus 15 anos, em sua cadeira de rodas e sua dificuldade motora, inclusive de fala, que me ensinou que pode haver queda de cabelo após um quadro de dengue! (foi pesquisar porque a irmã teve dengue e estava com queda de cabelo).

Outro paciente, com Transtorno do Espectro Autista (TEA), e sabe TUDO sobre história e Geografia! Ou ainda a infinidades de vídeos de Ballet de uma linda menina com Trissomia do 21. 

Cada conquista é comemorada e compartilhada. 

Mas eu disse que esse artigo era para quem “acha” que seu filho não é especial, o tal do “normal”. Pois é. Meu recado para vocês é: ninguém é bom em TUDO. TODOS temos nossas limitações, defeitos e qualidades! 

Fico realmente “possessa” com pais que “detonam” os próprios filhos porque foram mal em matemática, por exemplo, ou porque são “perna de pau” no futebol (o pai sempre sonhou em ter um filho “Neymar”) ou ainda porque são “esquecidos” ou “distraídos”. Já chegam dizendo “já desisti”, “estou cansada” (nunca ouvi essas frases de mães “especiais”).

É incrível como os pais são extremamente tolerantes com “grandes limitações” e intolerantes com as pequenas dificuldades.

Educar, afinal, seja quem for seu filho, é: identificar as limitações e atenuá-las e descobrir as aptidões e aproveitá-las.

Infelizmente, nossas escolas focam muito em “matérias e notas” e pouco nas demais aptidões humanas. Temos diversas inteligências (cada vez descobrem-se novas). Entre elas:  inteligência lógico-dedutiva (o filho bom em matemática), físico-cinestésica (a do Neymar), Inteligência espacial (sempre acha o caminho), Inteligência interpessoal (muito presente nos políticos), Inteligência linguística (grandes oradores e escritores), Inteligência musical (Chopin, Beatles), são algumas delas. 

Vou confessar que sou uma completa deficiente em várias delas ! E bem limitada e tantas outras...

Se você já viu filme de escola americana com certeza já viu vários exemplos: o cara ruim de nota mas que destaca no futebol, a outra que manda muito bem na banda da escola ou no teatro. 

Vamos tentar compensar as deficiências do nosso ensino? Vamos buscar as aptidões de seu filho? Na música, nas artes, nos esportes? Comece por aplaudir cada progresso. Esteja na plateia de jogos e apresentações (ao invés de se olhar o boletim). Se ele tiver dificuldades específicas, ajude-os a superar. Claro, tente ajuda-lo a atingir o mínimo: para passar de ano, claro, e para não morrer afogado!

Em que área das aptidões humanas ele poderá ter sucesso, ser feliz e ser auto-suficiente, inclusive  economicamente?

Peça ajuda a psicólogo, médico, professores, enfim, como fazem os “pais especiais”. 

Tenho certeza que cada tempo ou dinheiro investido, trará muito retorno para vocês!

Se  ainda tiver dúvidas, volte no meu primeiro artigo: “Qual seu maior desejo para seu filho”.

Amor, saúde, força e energia para todos os pais nessa missão!!