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Expo Favela

Deraldo Silva - Coordenador da Central Única das Favelas (CUFA) - Baixada Santista

Deraldo Silva

13/05/2022 - sexta às 00h00

A Expo Favela aconteceu há quase um mês, mas o evento ainda reverbera em meus olhos, coração e mente.

Para quem não sabe, a Expo Favela foi uma feira de negócios que aconteceu durante três dias em São Paulo, no World Trade Center. Foram selecionadas startups da favela para apesentarem seus projetos a investidores do asfalto. 

Alguns números dão a dimensão do que foi o evento. Mais de 20 mil inscritos de todo o país para mostrarem seus projetos, 300 investidores, cerca de mil horas de conteúdo, 33 mil visitantes, R$ 63 milhões de negócios potenciais.
    
As imagens gravadas na minha memória nos três dias da Expo, e as histórias reveladas nos corredores, e em cada estande do WTC, traduzem com força o que foi essa iniciativa de Celso Athayde, empresário e fundador da CUFA.

Homens pretos, mulheres pretas ostentando suas coroas (cabelos) com orgulho, caravanas com moradores de favelas de várias partes do país, apresentação de cinema, dança, exposição de foto, sala de leitura, com obras dos escritores das favelas, mentorias com CEOs de empresas para quem tinha apenas uma ideia na cabeça de como abrir o próprio negócio.
  
Nas rodas de conversa personalidades e empresários, como luiza trajano e Luciano Huck, falaram sobre a necessidade e importância de dar oportunidades aos moradores desses territórios, dos talentos que se encontram nesses territórios, das experiências inovadoras que foram apostas nesses territórios, depoimentos de pessoas que ultrapassaram as barreiras sociais e raciais e tornaram líderes em diversas areas de atuação.

A Expo Favela foi a materialização de que favela não é carência e sim, potência!

Onde estão as potências da região da Baixada Santista? Ainda muito invisibilizadas. Poder público e empresários da região precisam acordar para essa revolução sob pena de perderem o bonde da história.
 
Não estamos falando de assistencialismo e sim, oportunidade, capacitação.

Durante a expo favela, também foram apresentados números de uma pesquisa recente feita pelo Instituto Locomotiva e Data Favela. O Brasil tem cerca de 17 milhões de pessoas morando em favelas. Se fosse um estado, seria o quarto maior da federação. 

A favela tem rosto; 67% dos seus moradores são negros. 21% dos lares das favelas são formados por mães solo, ou seja, elas exercem um papel de protagonismo social. Seus moradores movimentam em torno de R$ 180 bilhões por ano. Um volume de renda maior que 20 das 27 unidades da federação.

O levantamento revelou ainda nas favelas estão 10,8 milhões de eleitores, mais que o número de eleitores do estado de São Paulo.

Apesar de avaliarem como ruim os serviços públicos oferecidos, o estudo mostrou que seis em cada 10 querem melhorar de vida, mas querem permanecer na favela.

Existe uma visão positiva dos moradores em relação ao seu espaço que pode ser explicada pela crença que eles têm no esforço pessoal, chamando para si a responsabilidade: 64% dos entrevistados acham que depende de si fazer a vida melhorar.  

Por isso que o maior sonho dessas pessoas é ter o próprio negócio. Mais de 40% atingiram esse objetivo, mas apenas 37% tem CNPJ. Empreender para eles é sinônimo de liberdade.

A pesquisa mostrou também que, entre becos e vielas, mora também a tecnologia. A favela está conectada, 50% dos moradores utilizam a internet.

Os dados são surpreendentes e mostram a força dessas comunidades. É como diz Celso Athayde, “ou se divide com a favela toda a riqueza produzida por ela ou vamos continuar dividindo as consequências da miséria que a elite produziu até aqui”.

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