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Cultura, geração de renda e impacto social: com responsabilidade, o retorno do Carnaval será bem-vindo

Lúcio Nunes - Jornalista, colaborador da Liga Cultural Independente das Escolas de Samba de Santos (LICESS) e do Conselho do Samba de Santos

Lúcio Nunes

03/10/2021 - domingo às 16h18

Nesta sexta-feira, dia 1°, a Prefeitura Municipal de Santos, a Secretaria Municipal de Cultura e a Liga Independente Cultural das Escolas de Samba de Santos (LICESS) avançaram para a realização do Desfile das Escolas de Samba em 2022.

A condição primordial para isso, claro, será a manutenção dos atuais progressos no Plano São Paulo – estratégia do Governo do Estado para combate à Covid-19, baseada na ciência e na saúde – que tem permitido a retomada consciente e faseada de diversas atividades econômicas, culturais, esportivas e de lazer.

Mesmo que tudo ocorra como almejamos, não tenho dúvidas de que o Carnaval 2022 será um dos mais desafiadores de todos os tempos. Não só pelo hiato de dois anos desde o último desfile, mas, principalmente, pela infinidade de adaptações técnicas necessárias para que as escolas possam cumprir os protocolos para manutenção do controle da pandemia.

Por outro lado, é sabido que esta missão já norteia todos os passos da nova gestão da LICESS desde o primeiro dia de mandato (o presidente Fábio Przygoda e sua diretoria assumiram em abril deste ano) mas, a partir de agora, ela também passa a depender dos esforços do poder público, empreendedores locais, patrocinadores, meios de comunicação e de todos aqueles que têm apreço por este grande espetáculo.

E se estes são os pilares para que o Carnaval 2022 alcance a viabilidade financeira, técnica e estrutural adequadas, o alicerce, com toda certeza, está nas comunidades que historicamente abraçam suas agremiações – com ou sem Carnaval.

Para o chamado povo do samba, pisar novamente na Passarela do Samba Dráuzio da Cruz será um momento de catarse, de reencontro e também de homenagens para aqueles que as deixaram durante este tempo tão difícil.

Mas não será “só” isso.

Já pensando nos que habitualmente se dedicam ao lugar comum da crítica vazia e pejorativa ao Carnaval, não posso deixar de aproveitar este espaço para pontuar alguns aspectos econômicos, culturais e sociais importantíssimos que justificam seu retorno.

(Desde que a situação da pandemia esteja realmente controlada, como já dito).

- A cadeia produtiva movimentada pelo Desfile das Escolas de Samba no Sambódromo Dráuzio da Cruz atingiu em 2020 uma geração de renda próxima de R$ 2 milhões (dois milhões de reais); e garantiu oportunidades para cerca de 2 mil profissionais por noite, em áreas como comunicação, infraestrutura, segurança, limpeza e serviços gerais;
 
- A difusão em grande escala do trabalho de músicos, compositores, coreógrafos, produtores audiovisuais, figurinistas, decoradores e costureiras, entre outras profissões bastante afetadas pelo cenário atual, gerando novas oportunidades e fortalecendo a vocação de Santos como “Cidade Criativa”, inclusive segundo à UNESCO.

- O reconhecimento ao papel social cumprido pelas escolas de samba junto as suas respectivas comunidades durante a pandemia. Entre o Desfile de 2020 e a Carreata Solidária de 2021, por exemplo, 16 toneladas de alimentos foram arrecadadas e distribuídas entre o Fundo Social e famílias em áreas de vulnerabilidade. Além disso, as agremiações atuaram repercutindo campanhas de prevenção, cedendo seus espaços para a vacinação e outras ações de saúde pública.

Que o próximo fevereiro, enfim, seja de boas notícias.

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