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Corrupção mata!

Valter Batista - Professor de Geografia e História, especialista em Gestão Pública, Escolar, Neurociência e Psicopedagogia

Valter Batista

20/09/2021 - segunda às 00h00

A prisão do prefeito Válter Suman e do secretário de Educação Marcelo Feliciano Nicolau, em virtude da OPERAÇÃO NÁCAR, que se baseia em denúncias de desvios de dinheiro da Saúde, trouxe a Guarujá uma avalanche de preocupações, e é evidente que deixou muita gente abismada com as cenas que ganharam o noticiário nacional, maculando novamente o nome e a imagem de uma cidade que se destaca por escândalos e crimes políticos.
 
"Como pode um médico estar envolvido em um esquema de desvio de dinheiro, que deveria estar sendo usado para salvar a vida das pessoas"? Logo ele que fez um juramento, comprometendo-se a cuidar da saúde de seus pacientes, e que elegeu-se duas vezes travestido sob o manto da honestidade e da moralidade, falando em nome de Deus o tempo todo.
 
Suman está sendo acusado de desviar dinheiro que deveria evitar mortes na Pandemia. Hospital de Campanha, empresa contratada para higienização de praças e locais de grande circulação de pessoas, contratação de pessoal, tudo em que se investiu, hoje está sob a mácula de ter corrupção envolvida. Se durante seu primeiro mandato tinha erigido uma imagem de homem probo, os fatos que levaram à sua prisão comprovam que há muito o que explicar.
 
Notícias dão conta de que foram apreendidas jóias em grande valor e cerca de três milhões de reais em dinheiro vivo, nos imóveis que foram objeto de operação de busca e apreensão. É dinheiro maior do que a soma de seus salários de prefeito durante o mandato, seis vezes mais do que seu patrimônio declarado à Justiça Eleitoral na última eleição. Veículos apreendidos, imóveis sob guarda da Justiça, alguns deles com suspeita de terem sido adquiridos ilicitamente, uma enormidade de acusações, iniciadas por um dos gestores da entidade que cuidava das unidades de saúde do município. Enquanto réu, deve ter o direito da dúvida sobre si, mas as evidências de que existe crime sendo cometido contra o patrimônio público, enoja quem perdeu parentes para doenças, numa cidade em que faltam leitos hospitalares e remédios.
 
Meses atrás essas mesmas denúncias foram apresentadas na Câmara Municipal. Entretanto, não foram motivo para indignação da população ou para gerar desconfiança acerca de possíveis desmandos de parte de Suman e de seu governo. Apresentada duas vezes, a denúncia não prosperou nem para ser investigada, embora tenha sido bombástica e recheada de elementos que demonstravam haver algo errado neste "Reino de Guarujá"! Não se ouvia clamor por justiça, não houve dúvida, e, durante meses, a vida seguiu, como se nada de grave justificasse a desconfiança em relação ao prefeito ou mesmo ao seu secretário de Educação (que havia sido Ouvidor Municipal e secretário de Cultura e Turismo), homem que tinha sido gravado discutindo sobre devolver chaves de carros cedidos pelo empresário e de desocupar um apartamento, onde residia, também de propriedade desse fornecedor da prefeitura, caso gravíssimo de uma possível corrupção ativa, mas que somente lhe garantiu seguir administrando o maior orçamento da Prefeitura, da Educação Municipal, sem nenhum constrangimento que pudesse colocar sua nomeação em risco.
 
Mas há o ditame popularizado da Escritura, "e conhecereis a Verdade!". E a ação policial iniciada na madrugada de terça para quarta-feira, trouxe a "cavalaria" para a Ilha de Santo Amaro, pronta para diligências que objetivavam desmontar um esquema de corrupção das mais nojentas que se pode tomar conhecimento.

Nada era novidade, mas sob a luz dos "giroflex" de viaturas da PF, as denúncias se mostraram bombas atômicas para a cidade. Eis que "A verdade vós libertará"!

A cidade se livra de uma dúvida, embora o segredo de Justiça não nos permita conclusões, todas elas ainda no campo das especulações e do diz-que-diz, mas que nos permitem comemorar um fato: o Ministério Público Federal e a Polícia Federal estão fazendo o trabalho para o qual existem. Corrigem a falha do Legislativo que se omitiu e não cumpriu seu papel de fiscalização, sabe-se lá por quê. Afastam do poder uma pessoa acusada de ilícitos. Evitam, com isso, que mais ilícitos sejam cometidos. A contradição de uma prisão que pode ser a libertação de um povo oprimido pela corrupção, pelos desvios, pela triste realidade de miséria e pobreza crescentes, enquanto políticos seguem juntando dinheiro para novas eleições, para seus projetos de poder e de mais corrupção. Um ciclo sem fim.
 
Nessa semana havia mais de dez pacientes aguardando vaga em UTI, correndo risco de morte, por falta de vaga em Guarujá. Não acho certo tripudiar dos indivíduos presos. Considero triste a situação em si, e realmente não vejo motivo para comemoração. Sobretudo do ponto de vista do que isso representa para a imagem da cidade, contudo, de outro prisma, precisamos sim comemorar a atuação dos órgãos de fiscalização e valorizar muito o acontecimento, corajoso, digno de lavar a alma de quem luta contra a corrupção e pela moralização da Política, porque os fatos graves demonstram que, talvez, em alguma medida, a impunidade esteja "sob risco" de passar a ser tratada como um mal enorme para a sociedade, e falarmos claramente, com todas as letras, que esse tipo de prisão representa uma vitória para a sociedade, é salutar e fundamental!

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