Ana Patrícia Arantes - Jornalista, atua com Comunicação e Sustentabilidade
Ana Patrícia Arantes
04/12/2021 - sábado às 17h16
Como que a comunicação pode gerar conhecimento que engaja, transforma e mobiliza para sociedades justas e sustentáveis?
Fazer uma comunicação que mobiliza é dar a sociedade a oportunidade de enxergar problemas sociais ou soluções diferenciadas sobre impactos socioambientais ou mesmo outros temas, que na maioria das vezes são abordados por pequenas óticas, sobre olhares de especialistas ou dados distante da pratica cotidiana da população, produzindo informações que não qualificam um debate público.
Nesta linha de motivar pessoas para a mudança socioambiental necessária surge a comunicação de causa. Ela tem sido desenvolvida por importantes institutos, fundações e organizações sociais, onde mais do que comunicar exercem o compromisso de fazer uma comunicação colaborativa, positiva e engajada, feita a partir das experiências das pessoas e suas causas nos territórios.
Alguns especialistas da área que hoje fazem comunicação de causa alertam para que além das histórias, estas narrativas precisam se conectar com pessoas além da nossa bolha de relação.
Ou seja, os defensores das causas socioambientais ou mesmo outros temas importantes como questões raciais, de gêneros, entre outras devem ampliar o diálogo para os outros olhares.
Nesta tendência de uma comunicação colaborativa, outras ferramentas além das mídias sociais como fóruns, eventos -propostas que tragam em seus formatos a participação das pessoas do território, mas não como mero telespectador, e sim pra que contem suas histórias de lutas e de vitórias na construção de sociedades justas e sustentáveis.
Na baixada santista tivemos uma experiência interessante em diversificar formatos de comunicação e a participação das pessoas no diálogo da gestão das águas. O Fórum Pacto pelas Águas, realizado pela organização FunBEA – Fundo Brasileiro de Educação Ambiental com o apoio do Comitê de Bacias da Baixada Santista e financiamento do Fundo Estadual de Recursos Hídricos.
Nele, foram desenvolvidos diferentes formatos de comunicação para aproximar a causa da gestão das águas na região – mesa de diálogos feita a partir de um documentário (Sobre Águas) especialmente produzido para gerar diálogo sobre a universalização do saneamento na região. Documentário que trouxe a perspectiva do morador das palafitas como narrativa principal, mas que ampliou a intervenção para a opinião dos órgãos competentes na resolução do conflito.
Outra estratégia foram as oficinas de animação stop motion com pequenos vídeos produzidos a partir de uma ação de limpeza de praia com juventude realizada por uma organização ambiental local, e a criação da identidade visual do evento, onde ao invés de produzi-la com uma agência de comunicação, foi criada através de oficinas com a juventude que com arte e diálogo sobre á água, desenvolveram a logomarca do evento e a identidade visual do Fórum.
O desafio está aí. Novas formas de comunicação, feita para as pessoas e pelas pessoas. Uma comunicação que não seja superficial e sim engajadora, transformadora. Uma comunicação de interesse público, com uma linguagem mais simples e verdadeira.
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