Renato Luiz de Jesus - Advogado, empresário e professor universitário, mestre em Direitos Difusos e Coletivos
Renato Luiz de Jesus
21/05/2022 - sábado às 00h00
Tem um amigo meu, o Prof. Ibrahim Tauil, que sempre discutiu comigo, muitos temas de alto nível relacionado ao esporte e ao meio ambiente.
Recentemente, por conta do distanciamento natural, ele me enviou por e-mail um texto com provocações e reflexões, afim de continuarmos os saudáveis debates.
Pela qualidade do texto, solicitei a ele autorização para compartilhar com vocês. Então vamos lá:
“A minha relação com as árvores, essas verdadeiras guardiãs ambientais, vem desde a minha infância. Na época, morava próximo de uma reserva de mata nativa e colecionava gibis. Inclusive do Tarzan e do Flash Gordon, tendo preferência pelo primeiro porque retratava a natureza. No decorrer da vida, fui plantando as minhas árvores sempre que possível. Em certa ocasião, plantamos 37 mudas de falsas murtas na rua de um bairro da Zona Noroeste de Santos. Todas devidamente protegidas por grades de madeira e nutridas por substrato orgânico proveniente de compostagem. Quando alcançaram um metro e meio de altura, sadias e viçosas, tiveram suas áreas de infiltração borrifadas com agrotóxicos. O tal “mata-mato” que não mata só mato, tanto que matou todas elas. E que tem a sua aplicação proibida por lei federal na área urbana. O que fez com que eu iniciasse uma luta contra a aplicação do veneno em nosso município. Objetivo alcançado com a ajuda da ANVISA e do Ministério Público.
Outro episódio que merece registro envolve as duas frondosas mangueiras localizadas na Av. Francisco Glicério, esquina com a Av. Ana Costa, ao lado da atual Estação da Cidadania, antiga Estação Sorocabana. À época do anúncio do projeto do VLT, solicitamos e a EMTU aceitou fazer uma Audiência Pública sobre o assunto na própria Estação. No decorrer do vídeo, surgiu um “X” vermelho em cada uma das mangueiras. Ao perguntar o que significavam, a resposta foi a de que seriam transplantadas porque ali passaria uma linha de transmissão subterrânea. Incomodados com a resposta, até porque o município tem dificuldade para transplantar espécies bem menores, optamos por solicitar ao CONDEPASA a transformação daquelas duas espécies em Patrimônio Ambiental. O que foi aceito, sendo gerado um processo que foi encaminhado à EMTU que pediu um tempo para resposta. Para nossa surpresa positiva, a resposta foi a de que as mangueiras seriam preservadas. Cabe ressaltar que uma das justificativas para a solicitação junto ao CONDEPASA foi a incidência de pássaros que habitam aquelas mangueiras. A outra foi a existência daquelas espécies que se confunde com a existência da Estação, além dos benefícios que árvores daquele porte propiciam para o meio ambiente. Embora, ao ser consultado pela imprensa, um renomado paisagista tenha dito que elas poderiam ser sacrificadas por não serem nativas. Posicionamento que certamente não seria o mesmo em relação às palmeiras imperiais da Av. Ana Costa, que também não são nativas.
E considerando que as árvores, além de tudo o que representam, produzem uma substância que fortalece o sistema imunológico do homem, solicitamos Imunidade ao Corte e a transformação em Patrimônio Ambiental das espécies existentes no Hospital Beneficência Portuguesa e no Hospital Guilherme Álvaro, ambos em Santos.”
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