Deraldo Silva - Coordenador da Central Única das Favelas (CUFA) - Baixada Santista
Deraldo Silva
13/01/2022 - quinta às 15h44
Preparamos o Natal da CUFA. A missão era garantir comida para as famílias e brinquedos para as crianças das favelas em todo o país. Nos mobilizamos acreditando que essa seria nossa última ação de 2021.
Às vésperas do Ano Novo, vieram as chuvas que castigaram a Bahia resultando em 26 mortes e quase meio milhão de pessoas afetadas de alguma forma.
Unidos com a Frente Nacional Antirracista literalmente vestimos nossa camiseta, aquela com o desenho do anu preto, pássaro que vem se transformando em símbolo da esperança, e lideramos um movimento de ajuda aos desabrigados. Envolvemos a mídia, artistas, cidadãos que se sensibilizaram e doaram dinheiro para compra de itens essenciais.
Até o momento em que escrevo esta coluna foram arrecadados mais de R$ 50 milhões na campanha “Abrace a Bahia.”
Ao mesmo tempo que damos suporte às ações nacionais, planejamos os projetos em 2022 para nossa região.
Vem aí a Taça das Favelas, o maior torneio de futebol entre favelas do mundo. Revelar talentos no esporte não é o único objetivo da competição. Meninos e meninas terão de estar vacinados contra a Covid, com documentação em ordem e frequentando a escola para participar do torneio.
Além disso, um evento com foco nas favelas mostrando destaques positivos , eleva a auto estima da garotada e das próprias comunidades que só aparecem quando o assunto é violência e tráfico.
Teremos que retomar a campanha Mães da Favela. A economia não dá sinais de melhora. Gás, energia elétrica e alimentos com preços elevados, muito mais caros do que o ganho mensal da maioria famílias brasileiras.
Nossas ações incluem ainda a estruturação dos projetos de geração de renda. A CUFA, seu fundador Celso Athayde e nosso Presidente Preto Zezé, receberam no ano passado inúmeros prêmios, reconhecimento do poder de mobilização da entidade, mas foi também o entendimento de uma visão revolucionária que precisa ser abraçada pelo poder público e iniciativa privada.
A Favela é potência! Essa força vem da necessidade de sobreviver. Mas carrega em si uma contradição, nela estão os mais vulneráveis, atingidos por desastres naturais, os mais de 12 milhões de nem-nem, jovens entre 18 e 29 anos que não estudam e nem trabalho. A pesquisa é da consultoria IDados. Não há um estudo regional, mas com certeza o futuro dos nossos jovens também está ameaçado.
Promessas vazias não farão essa potência florescer. Estamos em um ano eleitoral e nossas demandas tem de ser ouvidas. Vamos fazer desse um ano realmente novo.
É possível colaborar com a campanha Abrace a Bahia pelo PIX, por meio da chave [email protected] ou pelo site https://www.maesdafavela.com.br/doar
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