José Virgílio Leal de Figueiredo - Presidente do Instituto Arte no Dique
José Virgílio Leal de Figueiredo
10/03/2022 - quinta às 00h00
Em 24 de outubro, antes da partida entre Bahia e Sampaio Corrêa, o ônibus do time baiano foi atingido por bomba perto da Arena Fonte Nova. Jogadores foram atingidos. Natural de Salvador que sou e torcedor ferrenho do Bahia, acompanhei os detalhes da situação e obviamente fiquei chocado. Por mais que tenhamos paixão por um clube, um esporte, fiquemos tristes e até indignados quando o time vai mal, a violência jamais é a resposta. Acontecimentos assim existem há tempos no futebol. Infelizmente.
Ao mesmo tempo, refleti sobre várias outras situações que têm ocorrido no país e no mundo. A violência está mais presente nos noticiários, em nossas vidas. A sensação de insegurança é latente. Qualquer discussão entre casais, no trânsito, pode acabar em tragédia. Isso não é por acaso. Presenciamos, nos últimos anos, uma flexibilização das armas. Num país de extrema desigualdade e insegurança social coisa boa não poderia acontecer. Feminicídios aumentaram drasticamente. Não bastasse isso, é todo um discurso de ódio perpetrado por quem nos governa, estimulando a divisão, a insensatez, a falta de perspectiva. A fome aumentou. As pessoas mal sabem quando poderão se aposentar. Os direitos trabalhistas têm sido destruídos. Nada disso é coincidência. Mas um pensamento vigente por uma parcela das elites chucras que se vêm representadas pelo atual presidente.
Na esteira disso, apresentadores de podcasts e comentaristas de rádio sentem-se no direito de defender partidos nazistas e fazem a saudação. Um absurdo! E agora um deputado diz que as mulheres ucranianas são fáceis por que são pobres! Se voltarmos ao tempo, perceberemos que todos, por mais que tenham tentado se desvincular do presidente no período após a pandemia principalmente, votaram nele. E provavelmente em 2022 votariam no dito juiz. Sabe aquele ditado, “diga-me com quem andas que te direi quem és”. Em comum, presidente, o tal juiz, o deputado, o apresentador de podcast e o comentarista de rádio têm em comum a falta de pertencimento, sentem vergonha do Brasil, do povo brasileiro, são machistas, misóginos, repletos de preconceitos. Trazem um atraso para a sociedade, não estão nem aí para o próximo, para a busca por um mundo mais justo. Nos próximos meses a perspectiva não é de melhora. Os conflitos, em virtude das eleições, devem ser acirrados. Precisamos ser conscientes, não nos deixarmos manipular e termos em mente que Brasil desejamos para nós, nossos filhos e netos. Eu desejo um país que abrace a pluralidade do povo, respeite as diferenças, seja inclusivo, tenha um estado capaz de suprir a saúde, a educação, a segurança, incentivar a cultura, a diversidade. Não somos um país de meia dúzia. E você, que país deseja?
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