Felipe Pupo - Professor de História e profissional da área da comunicação, com ênfase no trabalho voltado à Política, Esporte e Educação
Felipe Pupo
26/05/2022 - quinta às 00h00
O árbitro é uma figura emblemática no futebol. Autoridade máxima dentro das quatros linhas, ele tem a nobre competência para apontar as infrações, estabelecer as penalidades e mediar os conflitos naturais dentro do jogo. Talvez, por isso, o assoprador do apito também é chamado de “juiz” de futebol.
O ex-árbitro e histórico comentarista esportivo Arnaldo Cézar Coelho sempre disse que o bom desempenho deste profissional pode ser avaliado à medida em que ele passa despercebido ao longo dos 90 minutos. Nessa lógica, quando as atenções do jogo se voltam para o juiz, temos um sinal de que as coisas não andam lá muito bem.
A regra é clara: o homem (ou mulher) do apito deveria ser um mero coadjuvante no espetáculo do futebol. Mas, infelizmente, a arbitragem nacional tem um perfil excessivamente intervencionista e culturalmente midiático.
Logo, é comum que os assopradores do apito venham a assumir um protagonismo indevido na partida, ofuscando jogadores, técnicos e, até mesmo, a torcida.
Talvez muitos possam imaginar que o comportamento dos profissionais seja um reflexo da era moderna, pautada pela exposição da imagem nas redes sociais. Longe disso. Em 1981, os brasileiros assistiam futebol com a antiga televisão de tubo, quando o árbitro José Roberto Wright roubou a cena em um duelo da Taça Libertadores entre Flamengo e Atlético-MG, expulsando nada mais, nada menos, do que cinco jogadores do Galo.
Cerca de quatro décadas depois do episódio, a arbitragem brasileiro continua a repetir os mesmos erros, revelando jogo após jogo o seu amadorismo e despreparo para assumir a tamanha responsabilidade de apitar um jogo da elite do futebol.
No entanto, o problema vai muito além da competência e da qualidade das pessoas que apitam os jogos das competições nacionais e regionais. De fato, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), milionária e uma das mais poderosas do mundo, tem sido incapaz de promover a habilitação adequada e a reciclagem das equipes de arbitragem, compatível à modernização do esporte como um todo.
É sabido que os juízes não conseguem se dedicar apenas ao futebol como um único ramo de atuação. Quase todos eles exercem atividades paralelas, como bancários, servidores públicos, vendedores e outras profissões. Isso sem contar a maratona de jogos e viagens que também afeta o rendimento desses profissionais. Além disso, eles ganham o seu ordenado por jogo, como se fossem free lancers. Inacreditável. Por uma questão lógica, eles carecem de tempo e de recursos para a qualificação profissional, o que poderia ser suprimido pela entidade máxima do futebol.
Apesar disso, os apaixonados pelo esporte tinham a esperança de que a tecnologia de vídeo - o nosso consagrado VAR - poderia ser a solução dos nossos problemas. Grande ilusão. O equipamento serviu apenas para potencializar o intervencionismo e ampliar os holofotes aos homens do apito.
Entre o amadorismo e a incompetência, os operadores do VAR, os assopradores apito e os seus assistentes (bandeirinhas) ganharam os principais holofotes espetáculo, não pela sua atuação magistral, obviamente, mas por roubar a cena com os sucessivos erros absurdos e a atuação vexatória na maioria dos jogos da competição. É lamentável que, rodada após a rodada, a arbitragem tenha uma interferência preponderante no resultado das partidas, sem nenhuma reação da CBF.
Os erros acontecem para todos os lados, porém, inegavelmente, o Santos FC tem sido um dos mais prejudicados. Os pontos sonegados ao clube podem custar uma vaga na Libertadores ou, ainda, de forma dramática, empurrar o time na luta contra o rebaixamento. Pode isso, Arnaldo? A diretoria do Peixe precisa reagir nos bastidores enquanto há tempo!
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