PARALISAÇÃO
Segundo os petroleiros, a gasolina, que sai das refinarias a R$ 3,04, chega aos postos por mais de R$ 6, enquanto o gás de cozinha, vendido pela Petrobras a R$ 34,70, atinge até aproximadamente R$ 150 em algumas regiões do país.
Robson de Castro
25/03/2025 - terça às 16h30
Nesta quarta-feira (26), trabalhadores petroleiros da Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC), do Terminal Transpetro de Pilões, em Cubatão, da Alemoa em Santos do Tebar, em São Sebastião e da UTGCA, em Caraguatatuba e das plataformas offshore do Sistema Petrobras, participam de um Dia Nacional de Greve contra o que consideram "medidas autoritárias da Petrobras". O movimento ocorre após inúmeras tentativas de negociação frustradas, segundo o coordenador do Sindipetro-LP, Márcio André.
"A greve é uma resposta à falta de diálogo da Petrobras, que continua ignorando a necessidade de aumentar o efetivo por meio de concursos nas bases operacionais. A redução do quadro de funcionários compromete a segurança, elevando o número de acidentes de trabalho", explica Márcio.
Outro ponto de insatisfação é a redução de 30% na Participação nos Lucros e Resultados (PLR), direito negociado no fim de 2024. Segundo os trabalhadores, a Petrobras comunicou a decisão em uma reunião com as federações que representam a categoria, sem qualquer negociação. Ao mesmo tempo, a empresa aumentou os dividendos pagos aos acionistas e manteve os altos ganhos para cargos de chefia.
O sindicalista critica também as decisões unilaterais da gestão da Petrobras, liderada por Magda Chambriard, que têm comprometido a relação de boa-fé construída após mudanças no governo federal. Uma dessas decisões é a alteração do regime de teletrabalho para o administrativo, que passou a exigir três presenciais e dois dias de home office, contrariando acordo firmado com os trabalhadores ainda no perído da pandemia e indo contra estudos que apontam os benefícios do teletrabalho, como aumento da produtividade, redução de custos e queda nos afastamentos por doenças relacionadas ao estresse. "O teletrabalho beneficia tanto os trabalhadores, que ganham mais tempo para a família e menos desgaste com deslocamentos, quanto a empresa, que viu suas margens de lucro e produção se manterem altas", destaca Márcio.
Márcio também relembra a luta dos petroleiros contra a privatização durante o governo Bolsonaro, quando a categoria conseguiu barrar a venda de ativos estratégicos. "Embora tenhamos evitado danos maiores, perdemos a BR Distribuidora, Liquigás, campos de petróleo e outros ativos essenciais. Isso impacta diretamente os preços dos combustíveis e do gás de cozinha, que são impostos pelo mercado e não pela Petrobras, mesmo após o fim do Preço de Paridade Internacional (PPI)", reforça.
Segundo os petroleiros, a gasolina, que sai das refinarias a R$ 3,04, chega aos postos por mais de R$ 6, enquanto o gás de cozinha, vendido pela Petrobras a R$ 34,70, atinge até aproximadamente R$ 150 em algumas regiões do país. "O povo brasileiro precisa saber que os altos preços são resultado da privatização de ativos estratégicos e do aumento das margens de lucro dos revendedores", conclui Márcio.
Para os petroleiros, o Dia Nacional de Greve, além de dar visibilidade às reivindicações, busca restabelecer o diálogo com a empresa, exigindo contratações urgentes, condições dignas de trabalho e respeito aos direitos negociados.
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