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O Guardião do Vaticano: os segredos do Camerlengo após a morte de Francisco

Cardeal Kevin Farrell assume o comando interino da Santa Sé em um papel repleto de rituais e curiosidades

Robson de Castro

21/04/2025 - segunda às 13h00

Na manhã de 21 de abril de 2025, o mundo católico foi surpreendido pela morte do Papa Francisco, aos 88 anos, devido a complicações de uma pneumonia.

 

Enquanto o Vaticano entra em luto, um nome surge como protagonista temporário: o cardeal Kevin Joseph Farrell, camerlengo da Igreja Católica.

 

Mas o que faz esse misterioso “guardião do Vaticano” durante a transição? E quais peculiaridades tornam sua função tão fascinante?

 

O administrador da transição

O camerlengo, termo derivado do latim camarlingus (funcionário da câmara), é responsável por gerir a Santa Sé durante a Sede Vacante, o período entre a morte ou renúncia de um papa e a eleição do sucessor.

 

Kevin Farrell, cardeal irlandês de 77 anos nomeado por Francisco em 2019, agora supervisiona as operações do Vaticano, organiza o funeral do papa e prepara o conclave, que deve ocorrer entre 15 e 20 dias após o falecimento.

 

Sua função, porém, é marcada por rituais e detalhes que parecem saídos de outra era.

 

Rituais que intrigam

Uma das tarefas mais marcantes do camerlengo é confirmar a morte do papa.

 

Até meados do século XX, isso incluía um ritual curioso: o camerlengo batia na testa do pontífice com um martelo de prata, chamando-o pelo nome de batismo três vezes.

 

Sem resposta, declarava o falecimento.

 

Embora esse costume tenha sido substituído por um procedimento mais formal, Farrell precisou atestar oficialmente a morte de Francisco, emitindo um documento de óbito.

 

Outro momento simbólico é a destruição do Anel do Pescador, usado pelo papa para selar documentos. Farrell corta o anel com uma tesoura especial, garantindo que a autoridade papal não seja usurpada.

 

Além disso, ele sela os aposentos papais e toma posse simbólica dos palácios do Vaticano, como o Palácio Apostólico, o Palácio de Latrão e Castel Gandolfo, a residência de verão dos papas.

 

Esses gestos preservam a privacidade do pontífice falecido e a continuidade da instituição.

 

Quem é Kevin Farrell?

Nascido em Dublin, Irlanda, em 1947, Kevin Farrell é um cardeal com formação em filosofia, teologia e até um MBA pela Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos.

 

Antes de ser camerlengo, liderou o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida.

 

Conhecido por sua discrição, Farrell foi escolhido por Francisco por sua habilidade em gerenciar situações complexas sem atrair atenção.

 

Um papel sob pressão

Com a morte de Francisco, o primeiro papa latino-americano e jesuíta, Farrell enfrenta um momento de grande visibilidade.

 

Ele organizará o conclave, reunindo cerca de 120 cardeais eleitores, sob os olhos de milhões de fiéis.

 

Enquanto o Vaticano realiza os nove dias de luto oficial (novemdiales) e as cerimônias fúnebres, o camerlengo mantém viva uma tradição milenar.

 

De anéis destruídos a palácios selados, sua função é um mergulho em rituais que unem o passado ao presente, mesmo em um mundo conectado e moderno.

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