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NA HISTÓRIA

A morte de Charles Darwin: 143 anos do legado do pai da Teoria da Evolução

Naturalista britânico desafiou crenças da época com a teoria da evolução e tornou-se um dos pilares do pensamento científico moderno

Robson de Castro

19/04/2025 - sábado às 21h11

Em 19 de abril de 1882, o mundo perdeu Charles Robert Darwin, o naturalista britânico que transformou a ciência com sua teoria da evolução por seleção natural. Aos 73 anos, Darwin faleceu em sua casa, Down House, em Downe, Kent, Inglaterra, devido a um ataque cardíaco, agravado por anos de problemas de saúde. Sua morte marcou o fim de uma carreira brilhante, mas também o início de um legado que moldaria a biologia moderna e provocaria debates que ecoam até hoje.

 

Nascido em 12 de fevereiro de 1809, em Shrewsbury, Inglaterra, Darwin construiu sua reputação com observações minuciosas da natureza. Sua viagem de cinco anos (1831-1836) a bordo do HMS Beagle, explorando regiões como América do Sul, Austrália e as Ilhas Galápagos, foi pivotal. As descobertas desse período culminaram em seus principais trabalhos. Em 1859, publicou A Origem das Espécies, onde apresentou a seleção natural como motor da evolução, sugerindo que as espécies se adaptam ao ambiente por meio da sobrevivência dos mais aptos. Outras obras notáveis incluem A Descendência do Homem (1871), que aplicou a evolução à humanidade, e A Expressão das Emoções nos Homens e Animais (1872), pioneira no estudo comparativo do comportamento. Seus estudos sobre cracas (Monograph on the Cirripedia, 1851-1854) e sobre a fertilização de orquídeas (On the Various Contrivances by Which Orchids Are Fertilised by Insects, 1862) demonstraram sua versatilidade, consolidando-o como um dos maiores cientistas de sua era.

 

A saúde de Darwin, porém, foi um obstáculo constante. Ele sofria de angina pectoris, com sintomas como dores torácicas e palpitações. Alguns historiadores especulam que ele contraiu a doença de Chagas durante sua passagem por Mendoza, Argentina, em 1835, devido a uma possível picada de barbeiro. Sintomas crônicos, como problemas gastrointestinais, apoiam essa teoria, embora nunca confirmada. Nos últimos dias, debilitado, Darwin enfrentou a morte com serenidade. Suas últimas palavras à esposa Emma Wedgwood e aos filhos foram: “Não tenho o menor medo de morrer. Lembrem-se de quão boa esposa você foi para mim. Digam a todos os meus filhos para lembrarem como foram bons para mim”. Para Emma, ele confidenciou aos filhos Henrietta e Francis: “Quase vale a pena estar doente para ser cuidado por vocês”.

 

As ideias de Darwin geraram intensas polêmicas. A Origem das Espécies desafiou crenças religiosas, particularmente a visão criacionista de que Deus criou as espécies de forma imutável. A sugestão de que humanos e primatas compartilhavam um ancestral comum, detalhada em A Descendência do Homem, foi especialmente controversa, atraindo críticas de clérigos e cientistas conservadores. O bispo de Oxford, Samuel Wilberforce, em um famoso debate em 1860, ridicularizou a teoria, perguntando se os defensores da evolução descendiam de macacos pelo lado materno ou paterno. Apesar disso, Darwin conquistou aliados notáveis, como Thomas Huxley, que se autoproclamou “o buldogue de Darwin” e defendeu ferozmente suas ideias.

 

Personalidades de sua época expressaram admiração e crítica. Alfred Russel Wallace, coautor da teoria da seleção natural, elogiou Darwin como “o Newton da história natural”, destacando sua capacidade de unificar observações em uma teoria coesa. Huxley afirmou: “Ninguém fez tanto para avançar o conhecimento da natureza quanto Darwin”. Por outro lado, o geólogo Adam Sedgwick, mentor de Darwin, lamentou que sua teoria “afastasse a ciência da verdade divina”. Mesmo enfrentando resistências, Darwin evitou confrontos diretos, deixando a defesa pública de suas ideias para aliados, enquanto se dedicava à pesquisa em Down House.

 

Embora Darwin desejasse um enterro modesto na Igreja de St. Mary, em Downe, sua influência exigiu honras maiores. William Spottiswoode, presidente da Royal Society, liderou uma campanha para que ele fosse sepultado na Abadia de Westminster. Em 26 de abril de 1882, milhares, incluindo cientistas, filósofos e políticos, compareceram ao funeral, onde Darwin foi enterrado ao lado de Isaac Newton. O evento simbolizou o reconhecimento de sua contribuição monumental.

 

Hoje, 143 anos após sua morte, o legado de Darwin permanece vibrante. Suas teorias formam a base da biologia evolutiva, influenciando genética, ecologia e antropologia. Ele demonstrou que “não são as espécies mais fortes que sobrevivem, nem as mais inteligentes, e sim as mais suscetíveis a mudanças”. Essa visão continua a inspirar a ciência e a humanidade, lembrando-nos da capacidade de adaptação em um mundo em transformação. Darwin não apenas explicou a origem da vida, mas redefiniu como entendemos nosso lugar no universo.

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